Intimidades reflexivas - 185
crianças de hoje, homens de amanhã,
já não sabem o que é ser criança.
Nasceste para ser amada;
Vais crescendo pouco a pouco e,
Nos teus sonhos de criança,
Idealizas alegrias, sorrisos, abraços, amigos
Mas não têm voz ativa;
Ninguém te ouve! Sofres!
Criança nua, magra, sem pais,
Com mãe ou só pai,
Sem lira, sem cravo, sem afago;
Sem dia, sem noite, que amor não tem.
Criança que sofre, gelada, sem teto, sem chão,
Onde procuras pão e não há;
És explorada por uns e por outros, sem dó nem piedade.
Querias ser como as outras crianças, que vês na Televisão
E de que ouves falar; têm tudo sem trabalhar.
E tu criança do meu País, que trabalhas de sol a sol,
O que sabes de ser criança?
Queria poder dar-te os meus braços,
O meu prato, a minha cama,
Enfim, eu queria saber como te dar no abraço,
A minha chama;
Menino terra, esperança, homem no amanhã,
A viver da promessa
Crescendo depressa, morrendo depressa.
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