1º de Maio - Dia do Trabalhador
Aí está mais um 1º de Maio. O dito Dia do Trabalhador - hoje, e por cá, talvez seja o dia dos que não têm trabalho. Longe vai o tempo daquele histórico 1º de Maio de 1974! Era a união dum povo, onde divisões não tinham lugar. Era o reivindicar das utopias. Desde logo, o fim da guerra colonial, bandeira dos mais jovens que viam aproximar-se o tempo de irem para a guerra lutar por ideais que já nada lhes diziam. Passados 41 anos, o celebrá-lo tem tanta ou mais força do que então. Porque é o direito ao trabalho que está posto em causa. Sobretudo, para os mais jovens que, apesar de serem a geração mais qualificada, - como é suez dizer-se -, tem que buscar noutros países o trabalho que por cá não encontram, apesar de todos nós termos financiado a sua formação. Um país que lhes disse para emigrarem porque por cá não tinham possibilidades de trabalho, embora uma outra parte do país agora peça que voltem, (como ouvimos no passado dia 25 de Abril), o que vem demonstrar a irresponsabilidade que se abateu sobre esta terra lusa. O desemprego aumenta, - apesar da festa governamental quando baixa umas décimas -, e ainda mais, ao nível dos jovens. Gente que se sente sem futuro, sem esperança e sem amanhã. Há dias, ouvi um jovem aluno do ensino básico que estava a estudar mandarim. Perguntaram-lhe porque estava a estudar essa língua. Ele de resposta pronta respondeu: "É que caso eu não tenha emprego quando for mais crescido, emigro para a China e assim já eles me percebem e eu a eles". "Mas porquê o mandarim e não o inglês, ou o francês, ou o alemão?" ataca de novo o seu interlocutor. O nosso ainda muito jovem aluno riposta sem hesitação: "Porque os chineses estão a comprar Portugal todo e assim a língua deles é a mais importante". Coisa tenebrosa esta de ver gente tão miúda ainda, já com estas ideias. Embora a governação ache que amanhã eles não se vão lembrar de nada, tudo será um mar de rosas, mas não será bem assim. Porque estas crianças vêm o sofrimento que atravessa as suas casas, com as dificuldades que os seus pais enfrentam - muitos deles desempregados - e não querem passar pelo mesmo. Por isso, a celebração do 1º de Maio tem particular importância nos dias de hoje. Já não é o celebrar ou reivindicar a utopia, mas sim, algo bem mais prosaico, o direito sagrado ao trabalho. Trabalho que escasseia. Empregadores que se aproveitam da situação e humilham gente qualificada a receber pouco mais do que o salário mínimo. Gente que não percebe que no futuro não terão gente qualificada para trabalhar nas suas empresas porque eles se foram embora, apenas os menos qualificados ficaram. Gente míope, gente pequena, que sempre existiu por estas bandas. Agora acham que chegou a sua hora. A hora da sua "vitória". Não vendo que a sê-lo, será seguramente, e no curto a médio prazo, uma "vitória de Pirro". Também por isso, o Dia do Trabalhador é importante. Até para essa franja de gente que, pelo simples facto de ter o poder do dinheiro, acha que pode dispôr da vida dos outros. Assim, que se celebre este dia, com a força da razão, mas sempre ensombrado com a névoa do desespero. Viva o 1º de Maio!
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