Turma Formadores Certform 66

Thursday, July 30, 2015

A encruzilhada eleitoral

Finalmente estão marcadas as eleições legislativas. Será no já próximo dia 8 de Outubro. Muita gente clamou por elas, outros pretenderam que elas viessem o mais tarde possível. Mas, e agora? Portugal e os portugueses estão numa encruzilhada eleitoral sem memória nos 41 anos de democracia. A coligação de direita no poder, já todos sabemos o que fez. Foi destruindo passo a passo o país vendido a retalho e a preço de saldo. Como se não bastasse, no seu programa eleitoral apresentado há dias, deixa transparecer duma forma sibilina o fim do estado social porque não nutrem nenhuma simpatia. Basta ver a subtileza com que é apresentado o plafonamento da Segurança Social. Os mais apressados dirão que o assunto está resolvido. Há que votar à esquerda no Partido Socialista. Mas aqui uma outra questão se levanta de não menor monta. Deste o golpe palaciano, sob a capa democrática, que António Costa protagonizou contra António José Seguro, as coisas ficaram mais complicadas. Face à transparência de Seguro, o oportunismo de Costa foi por demais evidente. E isso não escapou a muitos eleitores do campo socialista. Daí que muitos já mostraram a intenção de não votarem PS. A incapacidade de Costa descolar nas sondagens da coligação de direita é uma evidência, contrariando a visão deste, que achava que tinha uma passadeira vermelha para o poder. Numa altura em que o primado da economia faz escola, Costa não está confortável para percorrer esse terreno. Depois acabou por arregimentar muita gente afeta de Sócrates cuja imagem está degradada. E como se não bastasse, nem sequer foi capaz de unir o partido com a ala segurista. Basta ver a formação das listas e a polémica que elas têm trazido. Como se não bastasse, Costa aparece ao lado de gente que se afastou do PS quando Seguro definiu a limitação de mandatos. Na sua ânsia de manter os "tachos" renegaram o partido pelo qual foram eleitos, vindo agora, a correr, filiarem-se de novo e colarem-se a Costa que não se soube, ou não quis, distanciar-se de tais "salta pocinhas" que só desprestigiam a política. Tudo isto somado, ajudado por um vazio de ideias, ou o ocultar do que pensa sobre matérias sensíveis no Portugal futuro, estão a deixar fortes interrogações nos eleitores, mesmo naqueles que tradicionalmente votam PS. Por isso, estou convencido que iremos assistir a um voto de protesto claro, fora das forças do chamado "arco da governação". O PCP tem vindo a crescer, e sobretudo, os pequenos partidos mais à esquerda, que proliferam por aí, e que só vêm diminuir a concentração, tão desejável, de votos na esquerda. Isto já para não falar no mais que presumível aumento da abstenção. E aqui uma outra questão problemática se agiganta no horizonte. Caso não haja maioria absoluta, como tudo parece indicar que será o caso, com que partidos se coligará o PS. A direita já está coligada naturalmente. Quanto à esquerda é uma incógnita. Até se pode dar o caso da coligação de direita vir a perder as eleições e continuar a governar. Desde que Cavaco Silva anunciou que não dá posse a um governo minoritário, tal pode fazer que a coligação de direita continue no poder, mesmo perdendo, por mais 6 meses, até à marcação de novas eleições. Enfim, um cenário político confuso que a situação do país não merecia. Com as férias à vista, o período eleitoral vai coincidir férias adentro, o que não será bom para esclarecimento do eleitorado. Mas estou convencido que isso até será ideal para alguns, cujas propostas simplesmente não existem, ou então são uma amálgama de intenções das quais se diz que o inferno está cheio. Este poderá vir a ser, politicamente, um Verão quente como já à muito não se vi-a por cá.

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