O equívoco crescimento económico
Muito se tem falado sobre o crescimento da economia. Há quem defenda que estamos no bom caminho - crescimento de 1,5% - e outros que o valor é insuficiente e um dos mais baixos da zona euro. Todos terão um pouco de razão por mais incrível que pareça. Mas aqui o que mais me interessa não é discutir um número, mas sim, como ele se vem construindo. Se analisarmos bem o relatório do INE (convém ver sempre com atenção as notas que lá aparecem) verificamos que este valor assenta, sobretudo, num crescimento da procura interna facilitada pelo aumento do crédito que os bancos estão a dar ao consumo. Chegados aqui, algo de curioso e preocupante surge. É que o modelo que está a potenciar este embora que insípido crescimento é essencialmente a procura e o consumo numa deriva que nos leva de volta a 2011 ao período anterior à chegada da "troika". Não parece que esse seja o melhor dos caminhos, e até me surpreende que o governo venha com o seu habitual foguetório defender algo que agora parece ser bom, quando em 2011 afirmava ser mau, bem como, no passado recente. Mas a preocupação vai mais além, quando se verifica que apesar disso, as importações estão a crescer a um ritmo maior do que as exportações, agravando o saldo da balança comercial, o que implica logo um aumento do défice que não pára de crescer. Por tudo isto, tem que haver algum cuidado na maneira como olhamos para isto. E assim se compreende que o ministro da Economia tenha sido muito cauteloso na análise. Apesar de já estarmos em campanha eleitoral ele sabe que este crescimento pode ser um presente envenenado para o futuro do país. Daí que será sempre avisado que antes duma qualquer afirmação - seja ela qual for - percamos um pouco de tempo a olhar com atenção a essência dos números para melhor compreendermos a realidade. E não basta falar da governação anterior - que passados 4 anos não se justifica a menos que o governo queira dizer que não fez nada, que nem sequer existiu - mas sim olhar com atenção para a realidade. Sei que isso não dá votos, mas talvez assim se ganhe o respeito dos portugueses.
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