No 4º aniversário da Inês
Há quatro anos atrás que um raio brilhante de luz intensa cruzou os céus numa certa madrugada. Esse feixe de luz viria a cair sobre mim. Atravessou inclemente o meu ser e estilhaçou definitivamente o meu coração. Esse foi o momento da revelação, da minha verdadeira epifania. Tinha nascido a minha afilhada Inês. Essa luz intensa tinha entrado na minha vida já sombria, colorida dum Outono que já se vai desenhando a traço vincado, alegrando-a, iluminando-a, dando um colorido mais próximo da Primavera redentora. Quatro anos passaram e essa luz intensa continua a brilhar, cada vez mais firme e calorosa. A Inês é a portadora desse facho. É ela, em si mesma, essa luz. Depois da costumeira aventura do primeiro sorriso, da primeira papa, dos primeiros passos, dos primeiros dentes, agora é vê-la na aventura da vida. Ela que vai crescendo linda como nunca, não fosse ela a mais bela flor do meu jardim de Outono. Depois da aventura do infantário, agora é a aventura da pré-escola. Uma nova dimensão no convívio com outras crianças, com os seus mestres, na busca dum conhecimento da vida que a há-de levar a degraus mais elevados e firmes. Estou certo disso. Essa seria a minha alegria. A Inês não me há-de desiludir certamente. A alegria que ela transmite, a mesma com que me brinda todos os dias que a levo à escola, não me deixa indiferente. O frenesim com que entra pela minha casa adentro, todas as manhãs, a jovialidade com que brinca com o meu cão, - o seu amigo Nicolau -, que lhe vai aturando quase tudo. Desde que a Inês nasceu, vou tentando fazer alguns filmes que a eternizarão no futuro. Coisas simples e desajeitadas, que têm por missão num futuro que será o dela, mostrar-lhe como ela era, as brincadeiras que fazia, o amor que ligava os seus padrinhos a si, mas também, aquele amor primeiro à sua família. Neles quero deixar-lhe algumas mensagens, algumas pinceladas sobre aquilo que gostaria que fosse o seu caminhar na vida. Sei que a vida é dela e assim deverá ser. Cada um faz o seu caminho e este faz-se caminhando. Mas por vezes uma ajuda aqui e ali, um alinhar e sistematizar o pensamento, ao fim e ao cabo, um alento na maneira de ver o mundo que a rodeia de molde a que ela seja capaz de interpretar cada vez melhor os ruídos que dele vêm, duma forma mais sagaz e sábia. Como os seus padrinhos já vão vendo os seus anos a escoarem-se na reta da vida, é desse modo que lhe pretendo perpetuar aquilo que lhe gostaria de dizer mas que, porventura, já não terei tempo. Assim essa recordação também terá o seu quê de pedagógico, de instrutivo. Caberá à Inês e à sua família nuclear formatar o seu pensamento. Porque todos nós somos aquilo que nos ensinaram a ser quando tínhamos a sua idade, salvo algumas exceções. Todos fomos vendo nos mais próximos, nos nossos maiores, os exemplos que gostaríamos de seguir quando a idade adulta chegasse, e com a Inês não será diferente. Tentarei enquanto puder, ser o seu muro firme onde ela se poderá apoiar, mas há-de chegar a altura em que ela levantará voo e, a partir daí, será ela a conduzir a sua vida, o seu destino. Para já esse raio de luz brilhante que cruzou os céus vai para quatro anos, continua bem presente na minha vida e na da sua madrinha (a 'mamie'). Quero acreditar que ela nos há-de iluminar o que resta desta nossa caminhada da vida, será também aquela mesma luz, quente e aconchegante, com que contaremos no Inverno da nossa jornada. Até lá, ela é esta alegria que nos contagia, que nos faz pensar que, apesar de tudo, o mundo pode ser ainda belo e justo. "Não nascestes em vão! Ergue-te e prepara-te para a vida" é o tema do filme que este ano lhe dedico. O mesmo tema que retomo a quando do seu nascimento à quatro anos. É um grito de esperança, de amor redimido, mas também de luz, dessa luz intensa que sobre ela se derrama desde que a Inês irrompeu brilhante na nossa vida, neste nosso mundo vai para quatro anos. Feliz aniversário, Inês!
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