Turma Formadores Certform 66

Monday, November 16, 2015

Radicalismo e Xenofobia (Sobre os atentados de Paris)

Nous sommes tous français!... Estas são palavras que se ouvem um pouco por todo o lado. Que cruzam o ciberespaço em segundos, unindo um mundo cada vez mais diferente e desigual. Passados alguns dias sobre aquela fatídica sexta-feira, 13, em Paris, ainda me interrogo, - como já o tenho feito noutras situações como esta que infelizmente são cada vez mais -, o que leva jovens na flor da idade a tomarem estas atitudes. Não é a crise, não é a falta de valores (que também não são tão firmes assim), muito menos a religião. No Corão, como na Bíblia ou na Tora - as três religião ditas "do Livro" - não existe em lugar algum onde se leia que se deve matar o seu semelhante. ("Não mates a pessoa humana, porque Deus a declarou sagrada." - (Corão VI, 151.) ) Então que religião é esta, que fanatismo é este, que conduz a tais desmandos? Curiosamente, não é o tal pretenso estado islâmico que exporta terroristas fanáticos, mas sim, ele importa radicais ocidentais que depois vai colocando no mundo! E não venham pelos caminhos sempre fáceis da xenofobia, dizer que tudo tem a ver com a crise migratória. Alguns poderão vir, - não excluo essa possibilidade -, como já o escrevi por diversas vezes. Mas a maioria não vem em barcos prestes a afundar-se numa aventura que pode não ter fim. Estes vêm de avião para o coração da Europa. E este é o maior drama da dita Europa. É que o seus verdadeiros inimigos não estão na Síria ou no Iraque, mas sim, no seu seio, no interior, educados em escolas ocidentais, com modos de vida ocidentais e, por vezes, sem falarem uma palavra de árabe. A quando do ataque ao 'Charlie Hebdo' em Janeiro passado, tal era evidente. Agora com mais conhecimento sobre os fluxos destes jovens sem futuro e sem amanhã, a história repetir-se-á. Embora seja importante neutralizar essas zonas de conflito, e destruir o tão tristemente célebre ISIS, - grupo radical que foi criado e alimentado pelo Ocidente, especialmente pelos EUA, tal como Saddam e Kadhaffi o foram também, é bom não esquecer -, mas será no seu interior que a Europa deve olhar e ver o que se está a passar. O veneno mais profundo está entre nós e não naquilo que de fora nos chega. Daí ser redutor apontar, estigmatizar, gentes que vêm dessas zonas do mundo, apenas para fugir à guerra, à fome, às violações, à tortura. Poderia ser qualquer um de nós. Esses não são os terroristas que a geopolítica mundial ocidental ajudou a criar para fazer face a outros problemas que a maquiavélica diplomacia vai engendrando pelo mundo fora. Esses são seres comuns que apenas querem viver em paz, bem tão precioso para eles, a que nós nem damos valor por a sentirmos como adquirida. Quanto aos outros, o fanatismo que esta gente transporta dentro de si, é algo de irracional, é ódio puro, que leva a que destruam as memórias de povos a que eles mesmo pertencem - como aconteceu recentemente na cidade de Palmira, na Síria - porque esse irracional não dá para mais do que o ódio fanático a todos os seres, - porque nem os animais escapam à barbárie - sejam eles quais forem. A máquina de Frankstein que o ocidente criou, fugiu-lhe ao controle. Agora há que remendar aquilo que foi a estupidez irracional que se criou, e que hoje se abate sobre a Europa, diria mais, sobre o Ocidente. O conflito dos povos não pode servir a tudo, mas enquanto não formos capazes de nivelar os índices de bem-estar entre as nações, mais cedo do que tarde, ver-nos-emos confrontados com estas situações a que urge por cobro urgentemente. Enquanto formos comprando o petróleo que lhes dá os dólares para comprarem armas, (mesmo que seja, e é-o, sobretudo no mercado negro), não será assim que exterminaremos a hidra que já tem mais cabeças do que a sua homóloga bíblica que lhe serve de inspiração. Até que isso aconteça, temos que nos manter firmes, sem medo. Afinal a França é já aqui. E isto poderia ser em Portugal. Pode ser amanhã entre nós. Da união virá a força, desta tão pouco coesa Europa que urge unir. Para bem dela e de todos nós. Até lá, devemos ser neste momento de luto, todos franceses. Vive la France!...

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