Turma Formadores Certform 66

Tuesday, February 23, 2016

Os bebés abandonados - A desilusão

Há um par de anos atrás, trouxe a este espaço um caso urgente, a chamada matilha de Rio Tinto. Alimento esses cachorros - agora apenas um, mas chegaram a ser cerca de trinta - há mais de vinte anos. Em determinada altura achei que este espaço me ajudaria a resolver o problema. Engano puro. Para além de alguns amigos que encontrei, ganhei também um bom par de inimigos. Prometi a mim próprio, - e escrevi-o neste espaço -, que nunca mais cairia no mesmo. Mas caí. O amor pelos animais foi maior do que tudo o resto. Mas confesso-me desiludido. De novo, não aparecem soluções, mesmo para situações extremas como esta. As que aparecem deixam-me dúvidas. E interrogo-me sobre a bondade de trazer a este espaço este tipo de casos. Há muitos "amigos dos animais" que até se degladiam a saber quem faz mais 'likes' ou 'shares', mas quando chega a altura certa desaparecem como fumo. Há também aqueles que para mostrar o seu empenho pelos animais não deixam de colocar à cabeça o NIB duma qualquer conta, mas de trabalho efetivo pouco se vê. (Estou à vontade para o dizer porque nunca aceitei dinheiro de ninguém - mesmo do estrangeiro que insistiram para que aceitasse - para fazer bem a um animal. Aceito comida, como é o caso do que está a acontecer atualmente com o que resta da matilha de Rio Tinto e nada mais. Os outros casos que apoio nem sequer passaram por este espaço e penso que foi o que fiz melhor). Cada um ajuda como pode e sabe. Normalmente sozinho - que vale mais do que mal acompanhado como diz o aforismo popular - lá vou tentando minorar o sofrimento destes pobres seres. E é com este espírito que anuncio aqui, publicamente, que abandono este caso. Toda e qualquer situação deverá ser tratada diretamente com as pessoas que os detêm sem mais. Saio de novo, e quiçá, definitivamente desiludido. Todos falam dos animais, mas poucos fazem algo por eles. Desde pessoas individuais até às ditas associações, nas quais já pouco acredito. Todos e todas me viraram as costas. Este não é o meu entendimento sobre o apoio a animais. Mas se calhar sou eu que estou errado. Dizem-me que tudo está cheio. É verdade, mas quem ajuda cinquenta também pode ajudar mais dois. Não me venham dizer o contrário. No entretanto, continuaremos a ver uma procissão de 'likes' e 'shares', NIB's bancários e quejandos, aos quais não me associarei. Termina aqui e agora esta minha saga pública. A outra, a real, a do terreno, a efetiva de apoio aos animais, essa sim, continuará silenciosa como vem acontecendo vai para mais de duas décadas. Porque ainda é a mais eficiente e aquela que mais conforto trás aos animais. Ela prosseguirá enquanto a vida me der condições para isso. Silenciosamente sem as costumeiras luzes da ribalta. Cada um faz a sua quota parte e ajuda à sua maneira. Eu faço-a desta. O importante é o apoio real aos animais que sofrem durante uma vida sem que se vislumbre porque tem que ser assim. Mas como quem porfia sempre alcança, poderei, apesar de tudo, ter encontrado uma solução. Uma pessoa vem mostrando interesse numa delas. Não a conheço e até tenho alguns problemas de consciência em entregá-la exatamente porque não me sinto bem a dar um tiro no escuro. Não sei se será uma boa solução ou não. Mas parece não haver alternativa. Quanto à outra, ainda não tenho resposta. Embora a mãe da pessoa que os tem parece estar interessada em ficar com ela. Veremos se apesar de tudo, ainda as coisas acabam bem para os animais e para a minha consciência. A todos os que me ajudaram e aos outros também, o meu obrigado.

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