Domingo de Ramos
Celebra-se hoje o Domingo de Ramos que representa a entrada de Jesus em Jerusalém. Da saudação popular de então ficou o símbolo dos ramos que, segunda a tradição, seriam oferecidos aos padrinhos neste dia, em busca das apetecíveis amêndoas. Era ver, há um par de anos atrás, as ruas pejadas de crianças que ostentavam os ramos para os seus padrinhos, num tempo em que o automóvel ainda era o privilégio duns poucos. Os tempos mudaram e os ramos foram sendo substituídos por outras coisas e as amêndoas seguiram-lhe o rasto. Tudo vai mudando, e é nestas alturas em que as tradições vão sendo adaptadas aos novos tempos, que temos a sensação que vamos envelhecendo. Mas uma coisa ficou, e que me é oferecida todos os anos por esta altura, que é essa alegria esfuziante, esse sorriso rasgado, essa tagarelice duma pequena criança que faz a minha alegria. Como já perceberam, falo da minha querida afilhada Inês. Essa luz que brilha todo o ano, (independentemente da estação em que estivermos), que ilumina esta nossa vida já sombria de quem vai a caminho do Inverno da existência, essa alegria e frescura duma Primavera anunciada - que entrou hoje pelas 4,30 horas da madrugada, que feliz coincidência! - é o bálsamo redentor que nos aconchega o coração. Este é o sinal de alegria perene, de amor incondicional, de aconchego acolhedor, que esta pequena criança de apenas quatro anos transporta dentro de si, não percebendo ainda a alegria que nos dá. Este dia tem essa dimensão do extraordinário, semelhante aquele outro de mais de dois mil anos atrás, também ele indiciador de algo diferente, dum tempo novo. Este dia é, por si só, isso mesmo. No ciclo interminável da vida, é com essa alegria radiante que esta criança me traz, que vou visitar os meus avós maternos e simultaneamente meus padrinhos, que há muito já enfileiraram na minha vasta galeria de ausentes. Eles, com certeza, sentirão lá onde estiverem o mesmo, como o sentiram quando por cá andavam, esta mesma alegria que eu estou a sentir. Quero crer que assim será. Quero crer que assim é. Fui de coração cheio visitá-los, de coração cheio e alma lavada, levando um pedaço desta alegria e desta luz, que a minha querida Inês aqui deixa. Não precisa de ser Domingo de Ramos para que tal se verifique. Mas é neste dia que a sua expressão assume maior evidência. Bom Domingo de Ramos para todos.
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