A "bagunça" brasileira
Volto de novo ao tema que aqui trouxe vai para um par de semanas sobre a situação brasileira. Não me move nenhuma intenção de ser pró ou contra Dilma Rousseff, apenas e só uma análise distante de quem está do outro lado do Atlântico e vê no Brasil um prolongamento da sua língua e cultura. É conhecido o carinho com que os portugueses olham para o Brasil, coisa que, não é tão real assim quando olhada no sentido inverso. Mas seja como for, apenas esse carinho de olhar para um país irmão me move, como move, qualquer português. Mas vamos à situação brasileira. Quem olha para esse grande país tem a sensação de estar a olhar não para um país a caminho do desenvolvimento - um país emergente, como é conhecido na gíria económica -, mas para um qualquer país do terceiro mundo, mais atrasado e primário. A maneira como vemos o Colégio de deputados com cartazes (por vezes até ofensivos referindo-se a um órgão de soberania) leva-nos a pensar o quão distante está o Brasil da mentalidade europeia, onde uma atitude dessas, levaria os deputados perante a justiça, ainda antes da presidente. Depois, vemos que se fala muito de crime, - que é a única situação em que a Constituição brasileira permite a destituição -, crime que parece que ninguém encontra, nem sequer a justiça. O que indicia que por trás de tudo isto, parece tratar-se mais dum golpe palaciano com o presumível apoio de alguma população, (nitidamente manipulada), que quando der pelo logro será demasiado tarde. Todos sabemos que a corrupção no Brasil é enorme - e não só no Brasil, infelizmente - mas, todos sabemos também que a corrupção brasileira vem de cima para baixo e não ao contrário, onde raros serão os políticos - independentemente dos partidos a que pertencem - que não têm uma mancha no seu percurso. Uns onde essa mancha é visível, outros que a seu tempo se saberá, com certeza. Até o caso dum dos mais aguerridos no combate à Presidente, seja um homem que já passou pela prisão e que até tem um mandato de captura internacional da Interpol, não podendo sair do país. (Dos 65 deputados que fizeram surgir o processo de destituição, 8 têm processos crime nos tribunais centrais, 22 nos tribunais inferiores e até um deles - Paulo Maluf, ex- governador de S. Paulo - esteve preso 40 dias e tem um processo de captura internacional). Seja como for, fica-se com a sensação de que estaremos perante um golpe de Estado orquestrado - até pode não ser assim, mas é essa a imagem que passa - que uma certa direita quer levar a termo para recuperar alguns privilégios perdidos e, se possível, limpar um pouco a sua 'folha de serviço'. E mais cedo ou mais tarde, poderão entrar em cena as botas cardadas dos militares, experiência que os brasileiros tão bem conhecem. (Até porque nesta "bagunça" nem sequer existe uma alternativa credível para substituir a presidente! Não existe uma terceira via). E só aí se aperceberão do engano em que caíram. Pode ser quer tudo aquilo que alguns pensam deste lado do Atlântico esteja errado, mas como as coisas estão a ser conduzidas é isso que indiciam. Porque em Democracia há sempre espaço para se alterar seja o que for, quando se recorrem a métodos como estes, que todos os dias entram pelas nossas casas adentro, talvez se esteja a sugerir algo diferente. Porque Democracia parece não ser.
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