Turma Formadores Certform 66

Saturday, April 30, 2016

De novo a mão assassina

Desde há muitos anos que a minha sogra, enquanto foi viva, alimentava alguns gatos que por lá apareciam. Mais recentemente, uma gata por lá andou, lá teve os seus filhos e por lá permaneceu. Morreu vai para algum tempo, vítima daquilo que pensamos ser um tumor na cabeça, talvez fruto de forte pancada que tenha levado. Pelo menos, essa era a convicção da minha sogra. Morreu em grande sofrimento e lá foi enterrada, no terreno anexo à moradia. Dessa ninhada, ficaram os filhos. Que por lá andavam. Um deles, por lá foi ficando. Era vítima dos seres dito humanos mas também dos seus iguais, - que o espancavam fortemente -, até lhe tendo tirado uma das orelhas. Ele, tal como a sua mãe, foi mais um infeliz que veio ao mundo para sofrer, até com os da sua espécie. Depois da minha sogra morrer, eu continuei a ir lá deitar-lhe de comer. Ele mal me pressentia, nem que fosse o tilintar da chave na fechadura do portão, e logo aparecia na parede anexa, com o seu costumeiro miar estridente, -que nunca ouvi a nenhum felino até então -, para comer e depois, para brincar. (Por vezes, aparecia-me todo ensanguentado fruto das noites de luta que travava com os outros da sua espécie). Gostava muito de mimos e carícias. Mais recentemente deixei de o ouvir. Deixei de o ver aparecer alegre pela manhã e ao fim da tarde quando por lá passo. Achei estranho mas continuei a deixar lá comida. ela ia desaparecendo e sempre pensei que seria ele. Falei há dias com um vizinho que tem gatos e que também o alimentava e ele disse-me que de facto ele desapareceu. Vai para mais de quinze dias. Pensa que o envenenaram. Aliás, esse vizinho, que gosta muito de gatos, disse-me que por lá deu umas voltas e que ficou surpreendido por não ver nenhum gato em locais onde havia muitos. Isto é, infelizmente, usual nesta zona. Devem ter deixado veneno espalhado por vários locais e os gatos, dum  dia para o outro, desapareceram todos. De novo, a mão assassina e covarde, que a coberto do anonimato vai cometendo estes crimes. Ninguém sabe quem foi. É do conhecimento geral que os columbófilos o fazem. E aqui existem vários. Mas nada se pode provar. Foi apenas mais um, aliás, mais uns tantos. Afinal eram só uns gatos, dizem. Mas valiam mais do que muitos seres dito humanos, desde logo do(s) criminoso(s) que regularmente os faz(em) desaparecer. Este bichano não tinha nome. Não tinha dono. Tinha sido rejeitado pelos seus iguais. Afinal era mais um infeliz que veio ao mundo para sofrer e dele partiu com a pior das opiniões do ser dito humano. E neste caso com razão. Não tinha nome de facto. Era apenas 'gatinho' como lhe chamávamos. Não tinha nada. Apenas muito amor para dar. E deu-o enquanto viveu. Sou testemunha disso e dele fui beneficiário. Só espero que não tenhas sofrido muito. E que lá onde estiveres que estejas em paz. Acredita que nem todos os seres dito humanos são assim, Apenas te cruzaste com a pessoa errada, se é que se pode chamar pessoa a quem faz isto. Descansa em paz, gatinho!

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