Turma Formadores Certform 66

Monday, May 30, 2016

"Ajude o seu filho a crescer" - Túlia Victorino

Decidi hoje publicar um texto que não é da minha autoria, mas sim da Dra. Túlia Victorino. A D. Túlia (como era conhecida junto da pequena), para muitos este nome poderá não dizer nada. Contudo, esta senhora foi uma grande pedagoga com quem tive o privilégio de conviver, muito de perto, há muitos anos atrás. Apesar de vivermos relativamente perto um do outro, não sabia que já nos tinha deixado. É certo que apenas há poucos dias. Lamento ter tido conhecimento de tão nefasto facto, e assim, decide publicar aqui um dos seus inúmeros textos, a título de homenagem. Textos todos virados para a pedagogia dos mais novos, - dos jovens, mas que devem ser obrigatoriamente lidos pelos mais velhos, - os pais. Este texto tem por título "Ajude o seu filho a crescer" e é uma espécie de manual de educação e boas maneiras que devem começar a ser implementados desde muito cedo nas crianças. Este texto já tem alguns anos, mas é pleno de atualidade nestes dias que são os nossos. O texto é um pouco longo mas deve merecer a vossa melhor atenção. Ele aqui fica, com a vénia à memória duma grande senhora. O texto diz assim:

"Se o seu filho o arrelia muitas vezes, não tenha escrúpulos em elogiá-lo quando ele fizer algo acertado; se o seu filho mantém uma fala incorreta, mimada e de vocabulário pobre, não se iniba de o emendar e reforçar a palavra correta; se o seu filho é desajeitado, algo azarento, enalteça o que lhe aparece de bom, sublinhe os seus êxitos; se o seu filho dá muitos erros na escrita, não o desanime, não sublinhe o erro, mas antes elogie as frases certas e corrija as erradas garantindo que, da próxima vez, ele as acertará; se o seu filho é demasiado irrequieto à mesa, procure pô-lo atento a uma história interessante que o motive; se o seu filho parece não se interessar por nada válido, visite com ele um bairro de lata, um colégio de orfãos, um lugar com trabalho infantil (remunerado). Desde bastante novo, mesmo apenas com 2 anos de idade, a criança já pode arrumar o seu pijama, os sapatos, os brinquedos. Hábitos de trabalho, organização do tempo, responsabilização, cooperação nas tarefas familiares devem ser induzidas desde muito cedo, levando a criança a compreender que faz parte duma Família onde há direitos, deveres e muito amor e que a felicidade de todos passa pela contribuição de cada um. A criança compreende perfeitamente a diferença entre alegria e tristeza, entre amor e desamor apercebe-se, facilmente, do excesso de indulgências e super-proteção e tende a aproveitar-se disso. Então os pais devem posicionar-se de modo a merecer respeito e amor, ensinando os filhos, de acordo com a sua capacidade de compreensão, as coisas válidas e belas da vida, ensinando-as a pensar, explicando-lhes as razões das ordens dadas e motivando-as a cumpri-las. As crianças mesmo dentro duma mesma família têm personalidades e potencialidades muito diferentes, que têm de ser entendidas e motivadas diferentemente. Uma ordem vaga deixa a criança desorientada (arruma a sala!), mas uma tarefa de cada vez ajudará o menino a cumpri-la mais facilmente e a habituar-se a organizar o serviço (arranja as almofadas, guarda os chinelos, arruma os brinquedos, leva o copo à cozinha). Seja um exemplo para os seus filhos: organize as férias, as semanas, o dia, os tempos livres; distribua as tarefas pelos familiares e estabeleça regras; faça uma lista de tarefas a executar, mas não esqueça que os deveres da escola são importantíssimos e que a criança deve ter um espaço sossegado para estudar. O dia tem horas suficientes para comer, brincar, trabalhar, estudar, dormir. Não esqueça que a criança não tem capacidade de abstração e previsão e não exija nada superior às suas possibilidades físicas, intelectuais ou psíquicas. Faça no fim de semana uma avaliação das tarefas, executadas e averigue, justamente, as razões de algum não-cumprimento. As tarefas domésticas não têm sexo e os meninos ou as meninas podem fazer o mesmo tipo de tarefas, apenas atendendo à sua idade e capacidade de entendimento. Estes momentos familiares dão à criança o sentido de família, cooperação, responsabilização, utilidade e até afeto. Ajude o seu filho a aprender; visite o professor; elogie o arranjo dos cadernos, os testes positivos, o comportamento bonito que o professor lhe comunicou. Aceite os seus pontos fracos e incentive os fortes. Converse muito com o seu filho sobre livros, filmes, ecologia, poluição, solidariedade, animais. Visite, com ele, museus, bibliotecas, jardins zoológicos, botânicos, lugares históricos, serras e rios. Mas, explique-lhe sempre o que observa e ensina-o a observar a beleza e a razão das coisas. Ajude o seu filho a crescer."

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