Turma Formadores Certform 66

Wednesday, September 14, 2016

Segundo resgate? Porquê?

Temos vindo a assistir a uma espécie de canto de sereia, - que tem sido muito alimentado por gente ligada ao anterior governo -, e que se prende com um hipotético segundo resgate. Podemos considerar como certo a tese do quanto pior melhor, senha tão cara a essas pessoas que gostariam de ver Portugal (afinal também o país deles) afundar-se. Já o ensaiaram em Bruxelas quando este executivo tomou posse, e dia após dia, não se cansam de pregar o Apocalipse para o dia seguinte. Tanto o têm feito que julgo que já ninguém os leva verdadeiramente a sério. Contudo, e para bem da verdade, tem que se dizer que as coisas não estão tão bem quanto parecem. O défice está controlado é certo, - e penso que atingiremos um nível histórico este ano -, mas a dívida não para de aumentar. (Como em tempo oportuno já referi, tal deve-se não tanto a uma estratégia errónea do governo, mas sim, a uma situação de leva a que os valores dificilmente diminuam, desde logo, o serviço da dívida. Daí que a reestruturação desta seja falada mas nunca assumida, embora estou certo que, a curto ou médio prazo, tal terá que ser encarado de frente, seja qual for o governo). Mas se as dificuldades que Bruxelas aponta a Portugal, numa clara tentativa de enfraquecer o executivo pelo qual não morrem de amores, tal vem criando dificuldades ao investidores e pondo até em causa o 'rating' da República. (Longe vão os tempos do 'bom aluno' que afinal não o era assim tanto como se viu). Se o 'rating' pode vir a ser colocado em causa, - o que seria grave para o país -, isso implica algumas dificuldades no investimento porque os investidores podem desconfiar da capacidade do país para solver os seus compromissos. As exportações estão em queda, não porque o governo tenha estratégia errada, mas porque os países que eram os nossos mercados preferenciais estão, eles mesmo, abraços com dificuldades. É o caso do Brasil, Angola, Espanha e até os EUA. (É até curioso que a Espanha, que está sem governo vai para um ano, seja o país que está mais a crescer! Tal deve-se à não aplicação das políticas de Bruxelas pelo facto do governo ser de gestão). Quanto a isto não há milagres, as coisas são como são. Apesar disso, a Balança Comercial está equilibrada, num exercício de grande rigor que até agora tem sido feito. Mas então porque se fala tanto em segundo resgate nos últimos dias? Primeiro, porque dá jeito, desde logo, a todos os que têm por ambição derrubar o executivo, - gente do anterior, Bruxelas, etc. -, depois porque há sinais de algumas dificuldades que terão que ser equacionadas com cuidado. A existir um segundo resgate - que julgo não ser necessário - tal prender-se-à com a incapacidade da banca se reequilibrar e da economia não crescer. Se quanto à primeira, o ministro das Finanças diz que esse reequilíbrio está a acontecer, acho que não será bem assim. A banca durante muitas décadas sempre fez o que quis e como quis, agora será sempre difícil enquadrar instituições que nunca foram enquadradas. Os desequilíbrios continuam a existir e são preocupantes, e a confiança dos depositantes no seu sistema financeiro é baixa para não dizer nula. Nada de bons sinais que nos deixem ficar tranquilos, já para não falar na incapacidade desta se financiar. A outra questão que poderia levar a um segundo resgate teria a ver com a dificuldade clara da nossa economia crescer. E esta dificilmente acontecerá pelo efeito de garrote de algumas políticas da União Europeia. Estes são os dois fatores que poderão indiciar um segundo resgate e até justificá-lo, e não tanto a política seguida, porque queiramos ou não, a governação depende cada vez mais de fatores terceiros e exógenos e não tanto da política doméstica. Por aqui se vê que, pode existir um fundo de verdade quando se fala em novo resgate - que continuo a dizer que não me parece necessário - mas não fruto do que muitos profetas da desgraça andam por aí a dizer. A bem da verdade tal deve ser dito, embora não pense que o meter a cabeça na areia ou o criar falsas ilusões, seja caminho a seguir. Opiniões existem sempre muitas e variadas, mesmo entre economistas, mas que estas nunca sejam ensombradas por outros desígnios que não os da verdade.

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