Turma Formadores Certform 66

Sunday, October 09, 2016

Gratidão ou a falta dela

"Como é que se diz?" E à custa desta pergunta que, em momentos oportunos, tantas vezes nos foi feita, lá fomos aprendendo a dizer: "Por favor", "Desculpe", "Obrigado"... São palavras que exprimem sentimentos importantes para uma justa e boa convivência e que não nascem por geração espontânea: é preciso cultivá-los com perseverança. A falta de substância educacional é um fator que não é só de hoje. Sentimentos como agradecimento ou gratidão, sempre foram corrompidos ao longo dos tempos. Já naqueles tempos bíblicos bem longínquos dos atuais, não estava muito em voga: talvez ainda se lembrem daquela parábola em que de entre dez, só um reconheceu e agradeceu expressivamente. Hoje a gratidão continua em crise. Somos "crianças mimadas" que não sabem agradecer mas só exigir, com direito a tudo e nenhum dever. O vazio de ideias e a falta de substância daquelas poucas que se têm são clamorosas, cheias de falsos conteúdos e até de valores equívocos. É comum verem-se pessoas que se dizem não religiosas a correrem, - quais pagadores de promessas -, a locais em que não seria normal por lá os vermos. Dizem alguns que é tradição, o que só reforça o vazio de sentimentos, mas vão lá por moda, ou por outras coisas bem menos prosaicas. Têm símbolos religiosos nas suas casas em que dizem não acreditar! Mais uma confusão de sentimentos ou crendices popularuchas inconsequentes. Todos nós conhecemos casos destes em que as palavras nada têm a ver com a 'praxis'. Por as palavras e os conceitos que elas encerram deixaram de ter valor. Talvez até os seus significados sejam um mistério para muitos. Daí as injustiças, daí a falta de gratidão. Por isso não admira que à pergunta sobre os sofrimentos mais agudos dos nossos idosos, os geriatras respondam sem hesitação: "A ingratidão é o abandono dos seus!" Igualmente por isso é bem oportuno recordar aquele recado que D. Hélder Câmara, (mais conhecido pelo Bispo das Favelas), nos deixou: "Quando assistires à retirada dos andaimes contempla - é claro - o edifício que surge. Mas pede pelos andaimes, pois é duro servir de suporte à construção, ser necessário à obra, e na hora da festa ser retirado como entulho!" É que não devemos interrogar-nos, apenas, sobre o que os outros podem ou devem fazer por nós. É preciso interrogar-nos, também, sobre o que podemos e devemos fazer pelos outros. Neste Dia da Misericórdia vem-me à memória aquela frase de Madre Teresa de Calcutá: "Não devemos deixar que alguém saia da nossa presença sem se sentir melhor e mais feliz". Bom domingo.

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