17 anos depois resta a memória
Passam hoje 17 anos sobre aquele dia fatídico em que a minha Mãe partiu. (Sem que nada o fizesse esperar, entrou num hospital por sua vontade e decisão, uma segunda feira e sairia de lá quinze dias depois num caixão). Nunca me esquecerei desse dia. Era domingo como hoje, mas era um domingo especial, era domingo de Ramos. Vi que estava mal no dia anterior, mas nunca pensei que ela me deixasse assim tão repentinamente. Não irei falar das causas que o motivaram, porque já o fiz amiúde durante demasiado tempo. Não vos irei falar do que tenho carregado sobre os ombros desde então, e esse fardo só passou a ser mais leve porque penso que encontrei o caminho do perdão onde dantes só existia outro sentimento mais negativo. (O perdão que ela tantas vezes me pediu para ter). Por isso não me quero lembrar. Por isso não irei falar sobre isso aqui. Muito caminho já percorri durante muito tempo, - demasiado tempo -, para que ainda me restem lágrimas ou sentimentos menos positivos. Agora só mesmo a recordação da minha Mãe resta. Para mim é como se tivesse sido ontem. Para mim é como se nada disso tivesse acontecido. Os sentimentos têm destas coisas que não sabemos bem explicar. Já tinha perdido toda a minha família. A minha Mãe era a pessoa que me restava. Por isso doeu mais. Porque uma Mãe nunca se renega. (Pelo menos foi assim que me educaram). 17 anos depois apenas resta a memória. E que viva ela está. Minha Mãe, lá onde estiveres, desejo que estejas em paz!
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