Um aliado problemático
Os EUA foram uma referência da minha geração. Comecei a olhar com olhos um pouco mais claros quando comecei a frequentar essas paragens. Muita coisa era bem diferente daquela que eu tinha por adquirida na minha juventude. Ainda me lembro do que o ditador Salazar insinuava sobre este país. Na altura achava estranho, hoje dou-lhe alguma razão. Os acontecimentos recentes só vêem consolidar o que penso. A morte de Soleimani não deixa de ser estranha. Este general tinha sido aliado dos EUA na luta contra o Daesh. O mesmo Daesh que foi apoiado em algum momento pelos americanos. Os mesmos americanos que puseram Saddam no poder, os mesmos que formaram as milícias afegãs, os talibãs, contra os russos. Os mesmos que apoiaram Bashar al-Assad. Os que defenderam Kadaffi em determinado momento geo-estratégico. Todos eles tiveram o mesmo fim ou para lá caminham. Os EUA consideram amigos os que são úteis em determinado momento. Quando deixam de o ser e se tornam incómodos são simplesmente banidos. Coisa estranha esta da diplomacia política. Contrariando algumas afirmações que tenho ouvido por cá, acho que se está num momento perigoso. O ser aliado dos EUA pode ser complicado visto o seu comportamento ser errático. E não me refiro só ao atual momento. Afinal isso só veio consolidar a imagem que tenho dos americanos quando comecei a conhecê-los melhor, mais diretamente no seu 'habitat', e não só nas fantasias que a juventude engendra. E o mundo que sempre foi um lugar perigoso através dos tempos, tornou-se assim, ainda mais perigoso.
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