"Os Crimes da Rua Morgue" - Edgar Allan Poe
Proponho-vos hoje um livro muito interessante dum autor americano que muito aprecio, Edgar Allan Poe (1809-1849). Antes de ir ao livro, deixem-me que vos diga como cheguei a este autor. Era então um jovem adolescente de 14 anos e sócio do Círculo de Leitores. Este autor aparece numa coleção que estava a fazer e a curiosidade foi tal que logo o fui ler. Adorei. Contudo, outras coisas aconteceram - e tantas acontecem na vida dum jovem - que Poe ficou um pouco esquecido. Anos mais tarde, foi anunciado com grande pompa na RTP - na altura canal único e a preto e branco - Um famoso disco que viria a ter grande sucesso. Chama-se 'Tales of Mystery and Imagination' dum famoso produtor de música Alan Parsons (que esteve ligado aos maiores sucessos dos Pink Floyd) que se quis abalançar como intérprete. Esse disco, - então ainda em vinyl -, era baseado nas obras de Allan Poe, e assim o escritor voltou a entrar na minha vida. Mas como tinha acontecido antes, voltou a sair. Mas a vida tem coisas curiosas e mais tarde, (já na era do CD) este disco voltou, agora remasterizado e com alguns acrescentos como é o caso da voz imponente de Orson Wells. E de novo Poe voltou à minha vida. Agora para sempre porque esse disco anda sempre comigo no carro. Depois foi o desfilar da obra deste autor até agora. Depois este intróito pessoal voltemos ao que mais interessa, o livro. Este livro faz parte do Plano Nacional de Leitura. Livro recomendado para o Ensino Secundário como sugestão de leitura. 'Os Crimes da Rua Morgue' é considerado por muitos como a primeira obra policial de sempre. Mãe e filha são encontradas mortas num edifício situado na rua Morgue, uma artéria ficcional parisiense. As vítimas foram brutalmente assassinadas e a sala onde foram descobertos os cadáveres encontra-se trancada por dentro. Para adensar o mistério, os vizinhos alegam ter ouvido o assassino a falar numa língua estranha que ninguém consegue identificar. Quando um homem é acusado do crime, C. Auguste Dupin, um indivíduo solitário e de aguçada inteligência, oferece-se para ajudar a polícia de Paris a resolver este caso aparentemente sem solução e impedir que um homem inocente seja preso por um crime que Dupin acredita que ele não cometeu. Um pêlo encontrado junto dos corpos leva-o a crer que o assassino poderá não ser humano. Neste volume, incluem-se dois outros casos protagonizados por C. Auguste Dupin, 'O Mistério de Marie Rogêt' e 'A Carta Roubada'. Para muitos, Allan Poe é considerado um dos primeiros escritores policias na senda de Sir Arthur Conan Doyle, o criador de Sherlock Holmes ou de Hecule Poirot tão bem defenido na escrita de Agatha Christie. Escritor norte-americano nascido a 9 de janeiro de 1809, em Boston, e falecido a 7 de outubro de 1849. Filho de dois atores de Baltimore, David Poe Junior e Elizabeth Arnold Poe, ficou órfão com apenas dois anos de idade e desde cedo aprendeu a sobreviver sozinho. Foi adotado por uma família de comerciantes ricos de Richmond, de quem recebeu o apelido Allan. Entre 1815 e 1820, a família Allan viveu em Inglaterra e na Escócia, onde Poe recebeu uma educação tradicional, regressando depois a Richmond. Poe foi para a Universidade da Virgínia em 1826, onde estudou grego, latim, francês, espanhol e italiano, mas desistiu do curso onze meses depois por causa do seu vício do jogo e do álcool. Resolveu então ir para Boston, onde publicou em 1827 um fascículo de poemas da juventude de inspiração byroniana, 'Tamerlane and Other Poems'. Em 1829 publicou o seu primeiro volume de poemas, com o título 'Al Aaraaf, Tamerlane and Minor Poems', onde se denota a influência de John Milton e Thomas Moore. Foi então para Nova Iorque, onde publicou outro volume, contendo alguns dos seus melhores poemas e onde se evidencia a influência de Keats, Shelley e Coleridge. Em 1835 estreou-se como diretor do jornal Southern Literary Messenger, em Richmond, onde se tornaria conhecido como crítico literário, mas veio a ser despedido do seu cargo alegadamente por causa do seu problema da bebida. O álcool viria aliás a ser o estigma que marcaria toda a sua vida até à morte. Casou-se nesse mesmo ano com a sua prima de apenas treze anos, Virgínia Clemm, e o casal resolveu então instalar-se em Nova Iorque, onde não chegou a permanecer muito tempo. Foi em Filadélfia que Poe alcançou fama através de vários volumes de poemas e histórias de mistério e de terror. Em 1838 escreveu 'The Narrative of Arthur Gordon Pym' (A Narrativa de Arthur Gordon Pym), obra de prosa em que combinou factos reais com as suas fantasias mais insanes. Em 1839 tornou-se codiretor do Burton's Gentleman's Magazine em Filadélfia, e nesse mesmo ano escreveu várias obras que o tornaram famoso pelo seu estilo de literatura ligado ao macabro e ao sobrenatural. São elas 'William Wilson' e 'The Fall of the House of Usher' (A Queda da Casa de Usher). A primeira história policial surgiu apenas em 1841, na revista Graham's Lady's and Gentleman's Magazine, sob o nome 'The Murders of the Rue Morgue' (Os Crimes da Rue Morgue), e em 1843 Poe recebeu o seu primeiro prémio literário com a obra The Gold Bug. Em 1844 regressou a Nova Iorque e tornou-se subdiretor do New York Mirror. Na edição de 29 de janeiro de 1845 deste jornal surgiu o poema 'The Raven' (O Corvo), com o qual Poe atingiu o auge da sua fama nacional. Dois anos mais tarde morre a sua mulher Virgínia, mas Poe volta a casar, com Elmira Royster, em 1849. Porém, antes disso, Poe publica 'Eureka', uma obra que deu azo a muita contestação por parte de alguns críticos da época e que é considerada uma dissertação transcendental sobre o universo, muito louvada por uns e detestada por outros. É de regresso à terra natal do seu pai que Poe começa a apresentar indícios de que o problema do alcoolismo já era de certo modo irreversível. De facto, ele esteve na origem da morte do poeta. A obra de Poe é o espelho da sua vida conturbada e dos seus hábitos e atitudes antissociais, que o levavam a ter uma escrita que ia para além dos padrões convencionais. Se por um lado foi vítima de certas circunstâncias que estavam para além do seu controle, como foi o facto de ter ficado órfão aos dois anos de idade, por outro fez-se escravo de um problema - o álcool - que agravaria a sua personalidade já de si inconstante, imprevisível e incontrolável. O livro que hoje vos trago deve merecer a vossa melhor atenção e servir de trampolim para descobrirem a obra deste famoso autor americano. A edição é da Bertrand Editores.
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