Informação versus covid-19
Confesso que não sou um consumidor de televisão, dela retirando um ou outro programa com mais interesse para mim. Para além disso, sou um consumidor compulsivo de informação. Sempre gostei de saber como o mundo anda à minha volta. Depois desta declaração de interesses, assumo que já não consigo ver estes programas. A razão é simples e constatável por qualquer um que os visualize: quase metade dos serviços informativos são consumidos a dar informações, em tom o mais dramático possível, sobre o covid-19; o terço seguinte é dedicado a esse desporto que dá pelo nome de futebol e o terço restante serve para informar abreviadamente como anda o mundo. À tempos atrás dizia-se que a Proteção Civil tinha o seu minuto de fama na época dos incêndios e quando uma ou outra tempestade nos assolava. Sobretudo nos dias que a antecediam com os alertas em tom dramático, caras fechadas e ares de muita preocupação. Por vezes, não passavam dum flop, mas o minuto de fama estava garantido. Agora o mesmo acontece com a DGS com os seus registos diários, aconselhamentos que por vezes até são contraditórios, - todos nos lembramos do uso da máscara - e o mesmo semblante dramático. Só que este minuto de fama da DGS é replicado pelas cadeias de televisão que em vez de informar mais não fazem do que amedrontar as populações recorrendo a imagens repetidas até à exaustão e muitas que já vimos à meses. Sei que é preciso informar, e acho que a informação é necessária, mas quando esta passa a espetáculo mediático mais ou menos sórdido é tempo de dizer basta. Um jornalista francês cujo nome agora não recordo, afirmou à uns anos atrás, que 'estávamos a viver no terrorismo da informação'. E é isso mesmo a que assistimos nos dias que correm. A maneira massiva como esta é transmitida, recorrendo a imagens de arquivo já com algum tempo, nos canais generalistas, ampliada com debates e ou esclarecimentos pseudo-científicos que enchem - quase que em exclusivo - a antena dos canais especializados em informação, tudo isto virou um autêntico massacre. (Ainda não percebi se é a famosa guerra de audiências que a isso conduz ou se, simplesmente, é a tentativa talvez bem conseguida de amedrontar as populações com um fim maior que pode não ser percetível no imediato). E isto é grave porque as pessoas depois de tanta pressão cansam-se e passam para o lado contrário. Basta ver em alguns países o que se passa mesmo ao nível dos seus mais altos dirigentes. Tudo isto é muito confuso e de difícil digestão. Contudo, pelo menos teve o condão de tirar de antena o protagonismo ao tal futebol que por aí anda a dividir os incautos. Seja assim ou não, o certo é que cada vez mais menos informação se vê, e as televisões sabem-no bem, porque as pessoas já nem conseguem ouvir falar de tal. Eu sou um desses exemplos mas sei que nesta guerra não estou sozinho.
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