Memórias em tempo de Natal - I
Hoje é um dia especial para mim. Não é por ser Natal mas porque neste dia, - à 17 anos atrás , o meu querido Nicolau entrou na minha vida para nunca mais dela sair. Mesmo agora que me deixou vai para um ano e meio, ele continua presente como se ainda por cá andasse. Parece que ainda o vou ouvindo aqui e ali, parece que ainda lhe sinto o cheiro caraterístico, parece que ainda lhe sinto o roçar em mim com aquele pêlo sedoso que tinha. (Como todos os animais fazem quando estão comigo, nem sei bem por quê). Parece, mas não é. A realidade transformou-se em ilusão, e eu vou-me agarrando a ela em nome dum bem maior. (Há 17 anos recolhi-o, era uma madrugada fria e chuvosa, um verdadeiro temporal). Pequeno, indefeso. Ainda me lembro como ele cabia na minha mão, bem longe daquele cão imponente em que se viria a transformar. Amei todos os que passaram pela minha vida, - fossem meus ou errantes -, porque todos me ajudaram a ser uma pessoa melhor. Mas o Nicolau deixou uma marca forte. Talvez por ser o último a ocupar espaço cá em casa. Enquanto escrevo estas linhas no meu escritório, não deixo de olhar para os sítios onde ele ficava para me ter perto de si. E eu vou buscá-lo com o olhar na vã ilusão de ainda o ter ali. Mas não, ele apenas está no meu coração e na minha memória. O resto não passa de ilusão. Ajudei-o a crescer e ele retribuiu-me com aquele amor, sincero e desinteressado com que me brindou toda a sua vida. Agora é o tempo das memórias. Agora é o tempo das recordações. Feliz Natal, Nicolau! Lá onde estiveres que estejas em paz.
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