Turma Formadores Certform 66

Saturday, May 22, 2021

Dois anos depois resta a dor da ausência

Passam hoje dois anos sobre a partida do meu querido e fiel companheiro Nicolau. Um ser nobre como nobres são os cães. Amigo do seu amigo, mas irrascível para com estranhos. Afinal era a sua maneira de defender o seu dono. Passam hoje dois anos sobre aquele início de tarde em que ele me deixou. Depois das lágrimas que verteu pouco antes da partida, aquela dor da ausência de se ver privado de quem tanto amor lhe deu. Para mim também não foi fácil. O Nicolau marcou-me duma forma indelével por duas ordens de razões: a primeira, porque o conheci desde bebé quando foi cobardemente abandonado à minha porta com cerca de três semanas de vida debaixo dum forte temporal; depois, porque ele veio encerrar um ciclo de animais que me acompanharam desde a infância. Por tudo isto, ele representou algo muito especial. Nele revejo todos os outros que passaram pela minha existência. O Nicolau é uma espécie de espelho pela sua beleza, pela sua força, pela sua imponência, que são apanágios dum ser muito nobre. Passam hoje dois anos e a dor aí está, - na verdade nunca me deixou -, porque é difícil esquecer um ser que me acompanhou durante dezasseis anos e meio. A minha casa ficou então mais vazia, os odores foram desaparecendo, mas as memórias não. Todos os espaços que ocupava e onde queria dormir são uma espécie de altar ao amor incondicional por este belo ser. (Enquanto alinho estas palavras parece que o estou a sentir a roçar nas minhas pernas com aquele seu ar de cão poderoso, grande e forte que sempre estava junto de mim, estivesse eu onde estivesse.) Passam hoje dois anos sobre aquele dia fatídico que alterou muito da minha vida. Apenas a dor da ausência se faz sentir. Apenas a recordação sobrevive ao passar do tempo e essa será perene. Meu querido e fiel amigo Nicolau, sabes que nunca te esquecerei como nunca esqueci nenhum dos que te precederam. Sabes que caminharei sempre contigo apesar da tua presença física e palpável já não se fazer sentir. Mas, para mim, tu estarás sempre aí desse lado. Tal como eu estarei sempre aqui deste lado. Sempre companheiros, sempre amigos. Lado a lado até ao dia em que, - e nisso acredito -, nos reencontraremos. Até lá goza a liberdade, o amor, a alegria. Lá onde estiveres que estejas em paz, meu querido e fiel amigo e companheiro Nicolau!

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