Turma Formadores Certform 66

Monday, August 16, 2021

O preconceito LGBT

Há dias fui surpreendido por uma afirmação em torno da comunidade LGBT. Fiquei surpreendido porque a pessoa que levantou a questão era uma daquelas pessoas que considero de espírito aberto e tolerante. Pelos visto ter-me-ei enganado. Todo este preconceito me parece ridículo nos dias que correm. Por vezes esquecemo-nos que os telhados encobrem muita coisa. Todos conhecemos casos de casais heterossexuais que, por trás duma aparente felicidade, vivem uma vida sem sentido e sem amor. (Isso é mais visível nas gerações anteriores incluindo a minha). Pelo contrário, todos conhecemos casais homossexuais que, para além do preconceito, têm uma vida plena de felicidade. Mas deixem que vos traga aqui um exemplo. Conheço uma jovem desde o seu nascimento - ela foi criada praticamente na minha casa - e que é bissexual. Teve relações heterossexuais que não duraram muito e veio a descobrir a verdadeira felicidade junto duma outra mulher sua amiga desde há muito. Depois da descoberta da sua sexualidade por outra mulher, esta jovem assumiu o seu estatuto, vindo a casar com a sua amiga. (Esta jovem tem um nome chama-se Patrícia Sousa e aqui o cito porque ela não tem complexo algum na sua assumida relação fazendo disso gala nas redes sociais que frequenta). Perante algumas barreiras que parte da sua família levantou, ela levou a sua avante e hoje, utilizando as suas próprias expressões, está a viver um verdadeiro romance que já dura vai para um par de anos. A Patrícia - gosto mais de utilizar o outro nome de Liliana com que a vi crescer - não teve rebuço algum em assumir a sua sexualidade, afinal era a sua vida, a sua felicidade que estava em jogo e, ao que tudo indicia, acertou em cheio. Fui dos primeiros a dar-lhe os parabéns e talvez um dos poucos que o fizeram sem pertencer a nenhuma das famílias envolvidas. Muitos perguntarão porque o fiz sendo eu oriundo duma outra geração? Apenas e só porque acho que a liberdade é algo de muito importante e a opção de vida deve ser a que cada um escolhe independentemente dos (pré)conceitos dos demais. Depois porque apesar de ter sido educado por gerações bem mais recuadas ao destas jovens, sempre me ensinaram o valor da tolerância face aos demais. A Liliana hoje é uma mulher feliz, ainda mais bonita fruto certamente do seu idílio, mas com assumida postura face aquilo que quer para o seu futuro. (Hoje, com os avanços que a ciência nos mostra, - avanços diabólicos para alguns -, até podem vir a conceber filhos). Talvez ela o tenha nos seus planos futuros. Mas seja como for, o simples facto de romper com as grilhetas do preconceito representa já uma força de convicções bem raras em muitos jovens. Afinal o preconceito social está baseado naquilo que chamamos a 'natureza' - face à 'contra natura' que para alguns estas relações revelam - mas isso é apenas o que está estabelecido. Porque se o convencionalismo social fosse outro tudo seria normal porque a 'normalidade' seria outra. Por variadas vezes trouxe aqui uma questão (que ficará sempre sem resposta) a saber, e se estivéssemos a viver numa espécie de matrix? Se afinal tudo não passasse duma espécie de espelho que reflete uma visão simétrica a quem o olha? Se calhar não estaríamos a ter aqui esta conversa. O preconceito, seja ele qual for, é sempre uma arma de retrocesso. Em pleno século XXI, pois deixemos a liberdade de cada um ser feliz dentro daquilo que são os seus padrões, sem que disso façamos arma de arremesso. Afinal a felicidade tem muitas faces e esta é apenas uma delas. 

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