A Democracia fundamentalista à violência de género
Estamos a enfrentar tempos estranhos em que a Democracia pode ser confundida com outros regimes menos abertos. Em tempos idos um singelo presente de Natal - coisa habitual entre as empresas - passou a ser considerado corrupção! Alguém de ar severo de cima da sua onipresença irá decretar que assim é. Um simples gesto de afeto dum homem para com uma mulher (ou vice versa) será logo apontado por uma forma de violência de género e não faltarão pessoas que assumam tal postura. E assim vamos aceitando estas posturas como naturais. Não sou dos que fazem dos 'reality shows' a sua preferência televisiva, mas não pude ficar alheio ao que se passou no passado domingo no BB Famosos. Não assisti à gala - coisa que não me interessa - mas não fiquei indiferente ao muito que se tem escrito sobre o tema no ciberespaço. Depois fui ver alguns vídeos que por aí andam e nem precisei de ver muitos. Era conhecida a paixão de Bruno (de Carvalho) por Liliana (Almeida). Pareciam imparáveis em direção à final, mas um grupo de pessoas - de certeza mal resolvidas - resolveu alterar tudo. Bruno foi informado de que tinha uma queixa por assédio no MP por atitudes pretensamente violentas para com a sua namorada minutos antes da gala começar. Confesso que ao ver esses vídeos não detetei nada. Os outros concorrentes da casa negam tal coisa e a pretensa vítima também. Estou certo que tudo isto não vai dar em nada, mas que incomoda, incomoda. Mas o pior - se tal é possível - ainda estava para vir. Quando este homem é confrontado com os apresentadores e comentadores do programa, era nitidamente um homem acossado, quebrado na sua vontade. Mas, se não lhe queriam dar um apoio em tão inacreditável momento, também tenho que afirmar que não deveriam esmagar um homem já sem a sua habitual capacidade de reação. O que se passou foi mau de mais e é preciso que alguém pense sobre isso. Antes que me acusem de tomar partido, digo já ao que venho. Não conheço o Bruno de lado nenhum, só o conheci das questões que à alguns anos o envolveram as claques do Sporting, e a Liliana também não, apenas de pertencer a um grupo que também à já algum tempo fez o seu furor com o nome de Nonstop. Por isso sinto-me à vontade para falar sobre isso. Não vi nada de que acusar o Bruno, quando visualizei alguns vídeos que circulam na internet, e sim, assisti a um assassinato de caráter dum homem que tem família, e que foi esmagado, humilhado e ofendido em praça pública. Parece que tudo isto é pouco relevante, mas não o é. Para além destas questões existem sinais duma certa forma de fundamentalismo - quem pensa que este é só religioso engana-se - que corrói a democracia e as suas instituições. Não podemos passar ao lado destas questões que, aparentemente menores, são bem o sinal dos tempos que vivemos. Haverá sempre alguém disponível para apontar o dedo - qual santa inquisição - embora nem sempre estejamos atentos à sujidade que esse dedo trás consigo. E enquanto existirem pessoas que o fazem despudoradamente, sabendo que nada lhe vai acontecer, que ninguém as interpelará, que gozam de impunidade total, acreditem que estamos a começar a percorrer um longo caminho de pedras que no fim não nos trará nada de bom. Como já por diversas vezes aqui disse, quem escrutina os escrutinadores? Quem analisa este comportamentos desviantes? Quem no fundo vai para além do óbvio? E depois não digam que ninguém avisou.
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