No centenário de Eugénio de Andrade (1923-2023)
Passam hoje cem anos sobre o nascimento de um dos grande poetas da língua portuguesa, refiro-me a José Fontinhas, mais conhecido pelo pseudónimo de Eugénio de Andrade. Embora seja conhecido como poeta, Eugénio de Andrade também se passeou pela prosa como foi o caso de 'Os afluentes do silêncio', 'Rosto precário' ou 'À sombra da memória'. Mas é de facto na poesia que deixou a sua maior marca literária. Comecei a ler Eugénio de Andrade ainda jovem por influência dum grande professor de português que tive e que gostava muito do poeta. Depois já mais tarde e com outro nível de conhecimentos, aprofundei a sua obra muito ligada à temática do amor. Dele guardo aquele ritmo pausado e sereno que a sua poesia encerra que nos faz mergulhar numa outra dimensão mesmo que disso não tenhamos a real consciência. Eugénio de Andrade é um dos grandes poetas que se posicionam na minha biblioteca junto de outros grandes nomes portugueses e estrangeiros. Neste dia em que se comemora o seu aniversário queria deixar-vos este belo poema, um de entre tantos outros, como forma de homenagem ao poeta e de incentivo a outros potenciais leitores da sua obra.
As palavras que te envio são interditas (2000)As palavras que te envio são interditas até, meu amor, pelo halo das searas; se alguma regressasse, nem já reconhecia o teu nome nas suas curvas claras. Dói-me esta água, este ar que se respira, dói-me esta solidão de pedra escura, estas mãos nocturnas onde aperto os meus dias quebrados na cintura. E a noite cresce apaixonadamente. Nas suas margens nuas, desoladas, cada homem tem apenas para dar um horizonte de cidades bombardeadas.Eugénio de Andrade
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