Dia Internacional da Mulher

Celebra-se hoje o Dia Internacional da Mulher. Este é mais um daqueles dias que seriam dispensáveis se a condição da mulher no mundo fosse diferente da que existe. Desde logo porque existir um dia para o celebrar é já redutor por si só, porque nos restantes dias ela é discriminada, assediada, na escola, no trabalho, na sociedade. Depois porque todos os dias deveriam ser da mulher e dos restantes seres sem descriminação de género. Na Europa este problema esbate-se um pouco dado o nível de desenvolvimento dos países que a compõem, embora existam focos aqui e ali, que nos devem manter preocupados. Mas noutros países e continentes onde a mulher não tem o direito de ir à escola, de tirar uma simples carta de condução, uma mulher que mais não é que objeto de prazer e cuidadora dos filhos, aí sim, há um imenso trabalho que tem que ter feito. Não entro na rivalidade de género sempre básica e sem sentido mas todos temos que concordar que já muito foi feito mas que ainda muito há para fazer. Os mais novos não saberão que à 50 anos atrás, quando se deu o 25 de Abril de 1974, a mulher não usufruía da maioria dos direitos. Desde logo o de votar, mas também do direito ao seu corpo. O aborto era criminalizado e a mulher teria que arrostar com uma gravidez que não queria, muitas vezes fruto de violação. Tinha que aguentar uma situação matrimonial indesejada, por vezes até violenta, porque o divórcio era difícil e socialmente condenável. A instauração da democracia veio regular tudo isto, impulsionando a condição feminina para níveis iguais à da restante Europa. Nos nossos dias até parece uma 'blague' falarmos da condição da Mulher. Pouco tempo passou, mas muito se evoluiu. Mas esta questão como outras na sociedade, nunca estão concluídas, por isso à que manter a guarda, sobretudo num tempo em que já se ouvem alguns a falar de reversões na condição feminina que são intoleráveis. Apesar de tudo, sempre estamos muito mais evoluídos do que noutras partes do mundo onde o ser mulher é quase um crime. Que este seja um dia mais de reflexão do que de festa porque os fantasmas dum certo passado andam por aí. A violência no namoro é bem sinónimo disso, como a violência doméstica, ambas sempre condenáveis. O homem tem que saber lidar com a mulher como seu semelhante, igual em direitos e deveres, verdade que também se aplica à mulher na sua plenitude. Para que um se afirme não tem que se aniquilar o outro. E grande será o dia em que efemérides destas não tenham que ser lembradas. Aproveito este dia para saudar todas as mulheres do meu país e do mundo. Como gosto sempre de citar 'La femme est l'avenir de l'homme' como dizia Aragon. Feliz Dia Internacional da Mulher!