Turma Formadores Certform 66

Tuesday, April 29, 2025

O testemunho de Mário Augusto

Um dia tive a sorte de estar em Roma com o Papa Francisco numa conversa breve, alegre e simples. Sabendo da sua partida, fiquei triste e voltei a lembrar-me dessa conversa sorridente.

O homem que cultivou a simplicidade marcada por esse sorriso desarmante, volta hoje à terra confiando no céu, completando assim o seu ciclo da vida.
Quando morre um homem bom, o mundo desfaz-se em elogios, os discursos são bonitos, sublinham-se frases e ideias que deixou. Bem sabemos que não passa de um minuto de pausa na agonia desta sociedade desequilibrada e sem valores .
Se pararmos para pensar, concluirmos que aquilo que se diz no mundo de hoje é retórica, saí da boca para fora, o ser humano não tem remédio para a suas idiossincrasias, a ambição sem limite o egoísmo sem um pingo de reflexão e a vontade de guerrear.
Ainda agora ouvi Mark Rutte, secretario geral da NATO gritar aos quatro ventos da necessidade de comprar armas, sempre mais letais e complexas. Todos os dias os homens matam inocentes. Dizem eles que é preciso reforçar a defesa contra os perigos dos devaneios de uns loucos que por aí andam.
Amanhã (sábado) estão todos lá em Roma em homenagem a um homem simples que implorava a paz. Muitos dos que lá vão são senhores da guerra. Muitos dos que lá chegam com lugar reservado, nunca ouviram leram ou ouviram um desabafo triste do Papa Francisco. Confesso que não sou muito da igreja instituição que respeito, mas não vou à missa, tenho bons amigos padres com quem converso e explico quanta inveja boa tenho por esse seu chamamento do ritual da celebração, da oração em voz alta e coletiva. Acredito e pratico uma certa espiritualidade interior que me leva refletir cada momento, cada decisão em consciência.
O mundo não é nosso, as fronteiras são desenhos dos homens e como se tem vistos nas várias geografias, são linhas que servem de pretexto para a subjugação e domínio pela força.
Para onde terá ido Francisco não sei, amanhã desce à terra e a sua centelha talvez ilumine a esperança. Reparem que entre as muitas frases e ideias que deixou e que por estes dias foram citadas há uma que todos bem poderíamos gravar em tatuagem na mão para poder ler sempre que cumprimentamos alguém. Disse ele um dia em contexto de pandemia: “Ninguém se salva sozinho”.
mario.augusto@rtp.pt

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