Nem sinais da Rosita
Estou a passar um momento muito difícil. Da Rosita nem sinais. Ontem vasculhei a vizinhança, ninguém a viu, nem sentiram sinais dela. Foi à casa dos seus donos e também nada. Ela que acompanhava sempre a sua irmã Maria, nem rasto. Bati as redondezas e nada. Até verifiquei os contentores do lixo na expectativa de ter sido morta e atirada para lá por gente sem coração. Também não havia nada. Ela desapareceu duma forma inexplicável e a sua irmã Maria anda triste. Ainda ontem esteve cá em casa a dormir e a comer e vê-se no olhar uma tristeza infinita. Talvez saiba de algo e não o consiga transmitir aos humanos. A minha dificuldade em lidar com a situação prende-se sobretudo em não saber o que lhe aconteceu. Se está viva ou morta, se está em sofrimento, se foi apanhada por alguém para fins duvidosos, afinal o dia 13 está a chegar. Seja como for tudo se torna incompreensível. Tenho lembrado repetidas vezes o sucedido na tentativa de perceber, de recordar algum detalhe que me leve até ela e nada. Sei que a vi a lamber-se no telhado dum anexo na minha casa quando desci as escadas. Ela parou e olhou-me com atenção e depois continuou a tarefa. Sei que ainda veio à sua caixa de areia e depois nunca mais a vi. Quando subi ela já lá não estava. Pensei que teria ido para o rés-do-chão para dormir no sofá, local que ela tinha escolhido recentemente para estar. Não dei muita atenção nesse momento porque era costume ela seguir esses rituais. A Rosita era uma gata que nunca saía desta zona. Não ia para a rua porque tinha medo dos automóveis. Por vezes ia visitar a casa dos donos coisa que ultimamente já nem fazia. Andava por cá, entre a casa onde dormia, e o jardim onde gostava de apanhar sol e atacar qualquer bichito que lhe passasse por perto. Era sempre assim desde à vários anos. Desta vez não o foi. Quando a fui procurar e vi que não estava no seu local habitual comecei a demanda por ela. Vasculhei a casa de cima a baixo e nada. Ainda esperei pelo anoitecer porque por vezes ela ia com a irmã até à sua casa. Quando vi que não voltava comecei a ficar inquieto. E nunca mais a vi. Até hoje. Embora a Rosita não fosse minha, tratava-a como se o fosse. Ela escolheu-nos vai para 8 anos. Aqui dormia, muitas vezes comigo, aqui comia, aqui estava sempre muito acarinhada e mimada, algo que ela apreciava. Daí a minha confusão. Ela não trocaria o seu bem estar por nada, coisa porque ela tanto se tinha emprenhado. Algo sucedeu e eu não tenho resposta. A Rosita estava a recuperar bem, e ela mesma não queria estar em casa. Queria ir para o seu adorado jardim que ela tanto amava. Sei que dado o seu estado ainda débil era não seria capaz de ir mais longe do que um raio de 50 metros, 100 metros no máximo. Ela está por aqui, não muito longe, mas não sei onde procurar. Confesso que estou a passar um mau momento. Ainda esta madrugada andei a ver se a via e nada. As noites passaram a ser mal dormidas com uma inquietação cada vez maior à medida que o tempo passa. Mas sei também da minha impotência em buscar alternativas. Diz-se que a esperança é a última a morrer, embora com o conhecimento que tenho da Rosita, esta se vá esbatendo para tristeza minha. Mas vou continuar a procurar porque a Rosita merece. E eu tudo farei por ela.
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