A morte da autoridade escolar: Como os professores se tornaram reféns de pais e alunos
Durante décadas, o professor foi símbolo de respeito, conhecimento e autoridade moral nas salas de aula. Hoje, é apenas mais um funcionário ameaçado, obrigado a se justificar a cada repreensão, a cada nota baixa ou a cada palavra mais firme. A pergunta que ninguém quer fazer, mas que precisa de ser feita é: por que foi dado tanto poder a pais e alunos, e tiramos toda a força dos professores? Vivemos tempos em que a pedagogia é feita com base no medo. Medo de processos, de exposições nas redes sociais, de represálias por parte de pais que acham que o seu filho é um gênio incompreendido, quando na verdade é um malcriado, um preguiçoso ou simplesmente alguém sem nenhuma noção do que são limites. O professor, por sua vez, é visto como um mero prestador de serviços, cujo trabalho deve sempre agradar e não incomodar. Os alunos filmam os professores, gritam, desrespeitam, e muitos saem impunes. Os pais aparecem na escola não para entender, mas para acusar. Um relatório com notas baixas vira de imediato um motivo de guerra e não de reflexão. E se um educador ousa impor disciplina ou exigir esforço, torna-se logo o alvo de denúncias vazias e campanhas de difamação. O sistema cedeu. Hoje, tudo gira em torno da “felicidade” do aluno, mesmo que isso custe o seu fracasso académico e a perda de qualquer senso de responsabilidade. Estamos a criar uma geração que exige direitos, mas rejeita deveres. E os professores, que deveriam ser os guias desta jornada, foram relegados para a função de babás de luxo. Está mais que na hora de parar de fingir que a escola deve girar em torno da vontade do aluno e do ego dos pais. A educação exige autoridade, limites e respeito. Sem isso, o que mais tarde vamos ter (e já temos…) nunca serão cidadãos preparados para enfrentar as responsabilidades da vida, mas apenas adultos frágeis, arrogantes e incapazes de ouvir um "não". É esta a triste realidade de uma “caça às bruxas” movida com o único propósito de tirar poder aos poucos que ainda conseguiam incomodar o sistema.
José Micard Teixeira
(Crónicas Sem Maquiagem sobre uma Sociedade Sem Perfume)
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