"A Chave de Salomão" - José Rodrigues dos Santos

Trago hoje mais um grande romance de José Rodrigues dos Santos de título "A Chave de Salomão". Para além da estóra romanesca e das famosas aventuras de Tomás Noronha, o livro apresenta-nos duma forma clara um dos maiores enigmas da Humanidade que é o de saber se a alma existe, o que acontecerá quando morremos, enfim, o que é a realidade. Tudo isto à boleia duma das mais controversas ciências dos nossos dias, a física quântica. Reconheço que desde há muito me venho debruçando sobre o tema, mas tanto quanto mais me enleio nele, tanto mais confuso fico. A minha formação académica é bem diferente das pessoas que tentam estudar esta matéria, talvez seja essa a razão da minha ignorância, ou simplesmente, porque muita coisa que hoje se sabe, põe em causa todos os conceitos que fomos adquirindo na vida, ou ainda, e talvez seja a razão maior, um misto das duas. Seja como for, este romance aparece quase como um complemento a um outro do mesmo autor, com o título "A Partícula de Deus" que foi aqui dissecado em tempo útil. De Albert Einstein a Erwin Schrödinger, passando por Max Planck, é dessa nova ciência ainda controversa que este livro é feito. Talvez já se tenham questionado sobre as experiências que se realizam no CERN, o bozão de Higgs, etc., assuntos que vão enchendo os "media". Pois é disso que se trata, não de nenhuma fantasia ficcional. E o mais curioso é que todas as experiências realizadas, por mais incríveis que sejam, deram sempre os mesmos resultados, apontando sempre na mesma direção. José Rodrigues dos Santos tem a qualidade de escrever em camadas que visam públicos diferentes. Vai contando uma estória romanesca através dum professor da Universidade Nova de Lisboa - Tomás Noronha - que mais parece um 007 à portuguesa. Mas entremeia a narrativa com algo muito interessante que visa um outro público porventura mais documentado e interessado em outros temas. Da Teoria da Relatividade à Teoria da Dupla Fenda, (esta última a que verdadeiramente foi questionada por Einstein ao longo da sua vida), tudo parece conduzir a que vivemos num verdadeiro mundo de espelhos onde não passamos de meros atores, meros personagens, previamente escolhidos para o enredo. Este 13º romance de José Rodrigues dos Santos é, provavelmente, um dos que mais questões levanta e que, simultaneamente, mais nos inquieta. Livro soberbo a ser devorado do princípio ao fim dum trago porque nele se encerra muito daquilo que são os enigmas do Universo em que vivemos. Este é um tema que mais questões levanta aos cientistas neste início do século XXI. Recomendável a todos os títulos como todos os outros do autor. A edição é da Gradiva como vem sendo habitual.