Feliz Ano Novo
Chegados a mais um fim de ano, neste ciclo interminável da vida, outro se lhe seguirá. Todos desejamos que seja diferente, melhor, do que aquele que terminou, do que aqueles que terminaram antes deste, onde o empobrecimento do país foi lei, o desemprego foi rei, a aniquilação da classe média foi a regra, a miséria do país e suas gentes foi a consequência. Mas temo que tudo continue igual. Haverá menos "núvens negras" como diz o primeiro-ministro, mas isso é fruto do ciclo eleitoral que se aproxima e não duma recuperação, ou mesmo, fim dum ciclo de empobrecimento que a austeridade impôs. A agenda eleitoral já por aí anda e andará em 2015, e só isso impedirá que as coisas sejam ainda mais brutais. Embora com a entrada da fiscalidade verde já no primeiro dia do ano, não existam motivos para nos sentirmos mais aliviados. Porque impostos são impostos, tenham lá eles a cor que tiverem, e muitos já existem a esmagar os portugueses. Por isso, tenho alguma dificuldade em desejar um Bom Ano, porque sei que os indicadores estão todos abaixo do necessário e por isso o alívio duma possível continuação da austeridade é ilusório. O país entrará bem pior em 2015 do que entrou em 2014, numa espiral de desequilíbrios que os governantes nunca conseguiram regularizar independentemente do discurso político que vendem aos portugueses diariamente e em especial neste final de ano. Porque se acreditam que Portugal está melhor pois desenganem-se. Nenhum, sublinho, nenhum indicador dá sinais de melhoria face a 2011, o que convenhamos que depois de quatro anos de profunda austeridade, bem para lá do que a "troika" impunha, é muito pouco para um governo se gabar. As dificuldades continuarão por muito tempo. Passarão décadas para refazer o muito que foi destruído, neste país vendido ao metro quadrado e ao preço da uva mijona. E haverá coisas que nunca mais, ou muito dificilmente, veremos de novo implementadas entre nós. Por isso, não vejo motivo para desejar um Bom Ano, quando as perspetivas são o que são, sobretudo para aqueles que se recusam a entrar numa certa forma de alienação, pensando que tudo está bem. Depois disto apenas se deseja um Bom Ano por inércia, porque é hábito, porque tem que ser. Porque motivos, esses não existem. Mas como é de bom tom fazerem-se esses votos, pois aqui ficam os meus, também. Bom Ano Novo para todos!
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