Um início de ano igual a tantos outros
Seis horas e meia da manhã. 1ºC negativo. Saí para a rua para o meu exercício habitual. Os carros cobertos de gelo, davam um ar da invernia. Apesar de tudo, não estava tanto frio como a princípio julguei. Fui comendo os meus muitos quilómetros que faço diariamente. O brilho avermelhado do céu ia aparecendo, indiciando um novo dia, o segundo de um novo ano. Ninguém na rua. Nem carros passavam. Apenas eu. Só comigo mesmo, com os meus pensamentos, com os meus desejos. Com a minha música clássica a ajudar na caminhada. Gaivotas sulcavam o céu, nesse seu ar indolente de quem acabou de descobrir comida.
Algumas não deixaram de me sobrevoar bem de perto. Talvez espantadas com semelhante aparição. Talvez pensando num manjar melhorado de que eu poderia ser o portador improvável. Mas sempre atentas e curiosas com os seus gritos estridentes, quais guerreiras dos céus. À medida que caminhava o dia foi clariando. É mais um numa sequência de 365, no ciclo anual que se repete. Os quilómetros foram desaparecendo debaixo dos meus pés. Até que cheguei. Cumprido mais um ritual matutino apesar da gripe. Porque este tempo é para mim um bálsamo. Como adoro o frio da madrugada a fustigar-me o rosto! São estas pequenas coisas que nos dão a sensação de que estamos vivos. Da felicidade para além de tudo o resto que a materialidade do mundo nos vai oferecendo.
É assim que começou mais um novo ano para mim. É assim que começam todos os anos para mim. Pelo menos enquanto o puder fazer. Este foi mais um dia. O segundo dum novo ano...
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