Domingo de Ramos
Celebra-se hoje o Domingo de Ramos, evento bem inserido na liturgia católica que prefigura a Páscoa que se vai celebrar no domingo seguinte. Simboliza a entrada de Jesus Cristo na cidade de Jerusalém, montado num jumento e saudado pelas massas. As mesmas, ou na sua maioria, que dias depois o escarneceriam a quando da sua Paixão e crucificação. Afinal, o ser dito humano não evoluiu assim tanto desde há dois mil anos a esta parte. Mas hoje não vos quero falar disso. Bem pelo contrário, quero aqui trazer à colação duas imagens que são recorrentes na minha memória. Desde logo, aquela em que eu pedia a minha mãe nesta altura para me comprar flores para dar aos meus avós que eram, simultaneamente meus padrinhos. (Ainda recordo um dia, em que vinha num pacote de detergente um presente como era habitual - tratava-se do "Extra" que os menos jovens ainda recordarão - e que nessa altura trazia uma rosa de plástico vermelha, novidade nesse tempo. E qual não foi a minha alegria ao abrir o pacote e pegar nela e oferece-la a minha avó e madrinha. Foi uma recordação que transporto comigo há mais de meio século e que aqui quero recordar com saudade). Mas se esta é uma memória alegre, embora também de saudade pela sua ausência já lá vão muitos anos, tenho uma outra memória, esta sim bem dolorosa, que associo a esta data. É que minha mãe viria a falecer num Domingo de Ramos - era então o dia 8 de Abril de 2001, (mas disso falarei dentro de mais uns dias) - mas sempre associei uma coisa à outra e julgo que não poderia ser doutra maneira. Mas hoje é o dia dos afilhados virem visitar os seus padrinhos e aqui quero homenagear os meus, já na minha galeria de ausentes vai para muito tempo. Hoje é o dia da memória destes padrinhos e avós que não me canso de elogiar e a quem tanto devo. (A foto anexa é deles com mais ou menos a minha idade que hoje tenho. Mais uma fotografia que encontrei no meu baú de memórias onde volta e meia vou vasculhar). Para eles vai a minha memória. Mas hoje também é um dia de alegria porque também sou padrinho e a minha querida afilhada Inês é esperada com ansiedade, embora ela esteja fisicamente presente quase todos os dias na minha casa, e a todos os momentos no nosso coração, mas é sempre com ansiedade que aguardamos a sua entrada eufórica, no seu linguarejar tagarela, com aquela alegria, pureza e candura que só uma criança tão pequena pode transportar dentro de si porque ainda não contaminada pela dita "civilização". Da tristeza à alegria apenas um fio de navalha a separa. E só uma criança é capaz de fazer o milagre da ponte entre os contrários. Aqui quero deixar uma saudação a todos os padrinhos que, como eu, vêm neste dia a epifania trazida pela mão dos seus afilhados. Bom Domingo de Ramos para todos.
0 Comments:
Post a Comment
<< Home