Turma Formadores Certform 66

Thursday, May 21, 2015

Fragilidade das intitiuições, fragilidade dum país

Temos vindo a assistir desde domingo, a um sem número de imagens e comentários em torno do que se passou em Guimarães e em Lisboa. Reafirmo aqui que, embora não sendo adepto de futebol, não posso ficar indiferente ao sucedido. Primeiro foi a indignação de ver um polícia, - qual "Rambo" para com os mais fracos -, a espancar duas gerações de cidadãos sem motivo aparente, frente aos filhos e netos, - e este é o lado negro -, mas também existe o outro, que foi o outro polícia a proteger uma criança para que não visse o seu pai e avô a serem agredidos por um tresloucado. Ambas as imagens correram mundo. A primeira envergonhando um país, a outro com o aplauso generalizado. (Seria bom que os agentes envolvidos vissem os media internacionais para verem o que por lá se disse, e o que o país é prejudicado com essas atitudes). Mas o mais grave foi ver que enquanto o polícia espancava uma família frente aos filhos, - num show mediático que todos vimos, com certeza com os colegas a assistirem talvez a filmar a cena com algum telemóvel -, o armazém do Vitória de Guimarães estava a ser saqueado. E porquê? Porque este agente - que até é um graduado - não estava no seu posto. Aliás, vê-se que as pessoas que estão a roubar o armazém, não são nenhuma claque organizada - como a princípio julguei tratar-se -, mas sim "pacatos" cidadãos que aproveitaram para levar uma "coisitas" como chuteiras, bolas, camisolas, cachecóis, e umas "malitas" porque não podiam levar tudo na mão. ("A ocasião faz o ladrão", diz-se e parece que foi mesmo o caso).  E isto é duplamente grave. Primeiro a força não estava no local como devia estar, - como bem afirmou o vice-presidente do clube -, a quem pagaram para vigiar as instalações; depois porque este grupo de pessoas, - homens, mulheres e até crianças -, saíram pacatamente com o despojo do roubo, sem que ninguém questionasse o que fazia com que tantos adeptos fossem ver um jogo de futebol com... malas! (Penso que este grupo de "pacatos" espectadores eram do Benfica, mas também do Vitória porque haviam camisolas deste clube vestidas por alguns ao que me pareceu. Nestas situações o clube talvez não seja relevante para desmobilizar o ato. Mas o caricato  da situação é que o agente agressor ainda vai investigar o roubo no armazém do Guimarães! Insólito e ridículo. Estou a ver o agente a responder a si próprio, onde estava a quando do roubo, a fazer o quê e porque abandonou o seu posto!) Mas a noite ainda estava a começar e haveria de ter mais estórias para contar, como a Nau Catrineta. Agora em Lisboa, na refrega do Marquês do Pombal, vê-se uma vez mais um polícia com uma atuação no mínimo infeliz, desta feita com gestos obscenos e provocatórios para os adeptos do Benfica, o que a princípio, até pensei que fosse para jornalistas! Mais um que não está em condições psicológicas para integrar um corpo policial que é pago por todos nós, para nos garantir a segurança. Ontem, veio a lume mais umas imagens, também do Marquês, em que se vê um polícia a atirar uma garrafa a adeptos do clube da Luz! (Espero que durante o dia de hoje em que escrevo estas linhas, e nos que se lhe seguirão, não apareçam mais imagens para fragilizar ainda mais a instituição policial). Mas se tudo isto não bastasse, ainda nos devemos recordar todos duma foto-jornalista que estava em trabalho e foi violentamente agredida pela polícia, o ano passado, em imagens que correram mundo e que fizeram do nosso país um qualquer do terceiro mundo. (Aconselho uma vez mais a que visualizem os media da época, nacionais e sobretudo estrangeiros e o que lá se disse). Mas se recuarmos e virmos o invasão da escadaria da Assembleia da República (AR) a ser "tomada" por forças de segurança, sem que os seus colegas obstassem a isso, como tinham feito semanas antes a cidadãos que apenas reivindicavam melhores condições de vida neste país desgraçado, apraz-me perguntar afinal que polícia temos? A instituição policial que, repito, é paga por todos nós para nos garantir a segurança, afinal parece que tem vários pesos e várias medidas. Como vimos no passado domingo, parece que a instituição em causa não tem comando operacional no terreno. A maneira como, quer em Guimarães, quer em Lisboa, as coisas se passaram, dava a ideia de a polícia agir por sua conta e risco, sem estratégia, apenas em grupinhos talvez de amigos que atuavam isoladamente. (Já tínhamos visto o ar quase alucinado na AR a quando da invasão, em que agentes da autoridade que deviam ter uma postura de respeito, atuavam como qualquer delinquente, daqueles que pretendem e devem neutralizar, para utilizar o jargão policial. E isso, já me tinha posto de sobreaviso). - (Mais uma vez aconselho que se visualizem as imagens da época e o que delas se disse em Portugal e além fronteiras). E, tudo isto começou por uma atitude animalesca dum homem, que até comanda outros homens, o que agrava a sua postura, mas que teve o azar de ser filmado. Mas, como dizia ontem o Prof. Bagão Félix, "se não estivesse lá nenhuma câmara o que se teria passado?" E quantos casos idênticos ficaram silenciados apenas porque ninguém os filmou? É conveniente que depois de tudo isto, não se passe uma esponja sobre o sucedido, como acontece recorrentemente. Quem cometeu exageros, deve pagar por eles, - sejam polícias ou não -, porque se assim não for, a fragilidade da instituição será por demais evidente. Ela já está frágil a partir de agora, não se contribua para a tornar ainda mais débil. É que instituições fracas, fazem um país fraco. E isso não é admissível que venha a acontecer. Como dizia Isaac Asimov: "A violência é o último refúgio dos incompetentes". Talvez seja bom que alguém faça perceber isto a pessoas que têm o dever de proteger cidadãos - que talvez agora não se revejam tanto assim na instituiçãao -, mas também, para dar uma boa e sã imagem do país - e essa foi duramente afetada. Espero que tal venha a ser corrigido, e rapidamente, a bem de todos nós.

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