Turma Formadores Certform 66

Monday, June 15, 2015

As meias verdades

Todos temos vindo a assistir ao que se está a passar na Europa: a Grécia cada vez mais empurrada - duma forma real ou fictícia - para fora da União Europeia (UE); Portugal, apesar de já não ter a "troika", continua a ser pressionado para cortes e mais cortes. Afinal porquê tudo isto? É minha firme convicção que este realinhamento tem algo que está para  além da chamada "crise". Talvez mesmo esta tenha sido fictícia versus real, - ou induzida por outras forças -, o que até dava jeito ao aproveitamento que dela se tem feito. O governo português aproveitou-se dela, a Europa fez o mesmo. Tudo isto parece colocar os países da UE num alinhamento que terá outra finalidade. Desde há muito - ainda nos idos anos 80 e 90 do século passado - que se vem falando do projeto federalista da UE. (Por cá teve vários paladinos, desde logo, Mário Soares). Este despersonalizar dos países, o criar governos que são uma pura ilusão de independência nacional, a criação do euro, o projeto de fiscalidade dentro da União,bertura das fronteiras - espaço Schengen -, o cada vez mais falado exército europeu (grande pecha da UE que urge resolver), tudo isto afinal, não passam de sinais, uns, e de passos firmes, outros, nesse sentido federalista. (Veja-se o que há dias afirmou Durão Barroso sobre a criação duma Constituição Europeia e da sua oportunidade). Daí o aperto que estão a fazer à Grécia onde qualquer ideia de esquerda mais radical assusta, porque sai fora do âmbito do que se pretende que seja a UE. Estou convicto que com este plano atual, - ou com um alternativo B de que já se fala -, a Grécia não deixará a zona euro. Primeiro, porque ainda não são claros os reais impactos que isso causaria na UE e na própria zona euro, depois pela posição geoestratégica que a Grécia desempenha na Europa. (Mas outro caminho será sempre possível se a Grécia não encaixar nos parâmetros federalista da UE). Cumpre aqui dizer para que fique claro, que eu sou um federalista convicto, ideia que transporto há muitos anos. (Isto não significa que apoie o aproveitamento ultraliberal que este governo fez. São coisas diferentes que por vezes se confundem). Porque acho que quando aderimos a este projeto - na então longínqua CEE - deveríamos ter avaliado se isso seria bom ou mau para Portugal. A mim parece-me que foi bom. Basta ver o desenvolvimento de Portugal nestes últimos 40 anos, - apesar dos contratempos -, face ao que tinha sido o desenvolvimento do nosso país nos últimos dois séculos. O projeto de uma certa flexibilização em algumas áreas, - como o trabalho, por exemplo -, acabam por se enquadrar no que se passa noutros países num estágio mais avançado da UE. (Os sucessivos casos de privatizações apressadas indiciam isso mesmo, - para além do factor ideológico que é evidente -, como o culminar da privatização da TAP é um bom exemplo). Este empobrecimento a que este governo nos sujeitou não passa afinal de mais um ajustamento naquilo que será o papel da "província" ou "região" chamada Portugal, terá dentro do clube europeu. Porque um caminho diferente resultará num choque com o projeto europeu à imagem do que está a suceder na Grécia. Daí que as eleições na minha modesta opinião, não trarão nada de substancialmente diferente, - como já o afirmei por diversas vezes -, porque cada vez mais a governação interna é pautada pelas diretrizes da governação externa da UE. (Daí os chamados partidos do arco governamental). O que não me agrada é a falta de verdade, quiçá, até um esconder deste projeto aos cidadãos que não compreendem o que lhes está a acontecer. Estas meias verdades, estas inverdades até, que tornam o processo pouco claro para todos nós. É que a ideia de renovação dentro do quadro político atual será menos, o de manter este governo ou substituí-lo por outro, mas mais, se devemos continuar ou não dentro da UE. A saída poderia piorar substancialmente as coisas, e digo poderia, porque isso não aconteceu em nenhum país e não se sabe as consequências que daí adviriam. (Veja-se a preocupação de Obama na última reunião do G7 sobre a Grécia e a sua manutenção dentro da UE). Até nos poderíamos questionar o que isso interessaria a Obama? Talvez a resposta já tenha sido dada atrás. Os senhores do mundo têm um projeto transnacional que vai muito para além dos países e até da própria UE. O que é preciso é que vão esclarecendo as coisas às populações para que elas sejam entendíveis. A menos que tal signifique uma impossibilidade por uma outra razão maior qualquer que ela seja. E isso é que nos deve desassossegar a todos.

0 Comments:

Post a Comment

<< Home