A barafunda eleitoral
Desde ontem que se vem assistindo a uma troca de acusações entre os vários partidos em campanha eleitoral, sobretudo entre a coligação e o PS, em torno da não venda do Novo Banco e do impacto sobre o défice de 2014. É claro que a não concretização da venda do Novo Banco teve um impacto imediato sobre o défice de 2014, aumentando este, mas tal não significa que tenha impacto no ano seguinte. O défice de 2014 já estava fechado. Mas o problema central não é esse que os partidos vêm pondo na sua campanha eleitoral. O grave da questão é que a não venda do Novo Banco, e com os testes de stresse que vão ter lugar em Novembro próximo, podem vir a obrigar, - e vão fazê-lo seguramente -, a que haja um aumento de capital para que os rácios se cumpram. E aqui é que está a verdadeira questão. É que se até lá não existir comprador, será o Estado que terá que contribuir para esse reforço. (Se o comprador existir poderá ser este a fazê-lo, descontando depois esse valor, a quando da aquisição do banco. Uma visão demasiado otimista mas possível). Na situação mais gravosa - que neste momento poderá ser a que se afigura mais credível - de o Estado ter que vir a terreiro reforçar o fundo de resolução via Caixa Geral de Depósitos, obviamente que a ser assim, tal não deixará de ter um impacto sobre todos os contribuintes. De que forma tal se verificará, é a incógnita em aberto, mas que os contribuintes serão sempre chamados a suportar estes encargos, parece não oferecer a menor das dúvidas. Mas ainda um outro caso pode vir a acontecer, que é o da venda ser por um valor muito inferior ao desejado, ficando o fundo de resolução exposto. Assim, dirão os membros do governo que serão os bancos a suportar a perda. É verdade, mas não toda a verdade. Porque como é prática usual na banca, serão depois todos os contribuintes, (leia-se depositantes destas instituições), que o pagarão duma forma indireta nas habituais "taxas e taxinhas", para usar uma expressão dum conhecido governante. Assim sendo, para os contribuintes em geral não não boas notícias, mas isso não invalida que a população não seja devidamente esclarecida pelos políticos que estão na governação, ou pelos outros que a ela se candidatam. Numa campanha eleitoral não pode valer tudo. Embora saibamos que a "praxis" nos diz exatamente o contrário. Daí o esclarecimento que julgo necessário e oportuno para todos aqueles que se interessam por estas matérias, embora não dominem toda esta problemática. E já agora, deixe que vos diga que, o atingir-se o valor do défice definido pelo governo para o final deste ano, e com o atraso que neste momento leva de cerca de um ponto percentual, me parece que será motivo de preocupação. Embora o governo continue a dizer que o vai atingir, eu aí já terei muitas dificuldades em acompanhar. Embora perceba que o governo tem dados que nenhum de nós dispõe e que pode estar a inquinar esta minha perspetiva. Mas já não falta assim tanto para que as dúvidas se desfaçam.
0 Comments:
Post a Comment
<< Home