Turma Formadores Certform 66

Sunday, October 04, 2015

Reflexões sobre o casamento, divórcio... família

Neste domingo de intempérie resolvi fazer uma reflexão sobre a família. Mas antes de começar quero aqui fazer a minha declaração de interesses. Não sou contra o divórcio, embora este possa ser controversos para muitos, não o é para mim. Conheci muita gente que num outro tempo onde o divórcio não existia, tinha uma vida de sofrimento, um verdadeiro calvário, apenas porque a lei, e muitas vezes o convencionalismo social a isso obrigava. Também tenho que aqui proclamar que o matrimónio tal como a prática social o entende não é condição fundamental para uma vida feliz. O ter um casamento "de papel passado" - como antigamente se dizia do casamento religioso - pode valer bem pouco se não existir amor e capacidade de entender o outro. O que aqui direi a seguir pode parecer que contraria estas ideias, mas não. Esta reflexão partiu duma conversa com uma jovem que me dizia que "agora ninguém está para aturar ninguém, daí que o casamento tradicional não faz parte dos meus planos de vida" afirmava. Ainda lhe disse que se não quisesse um casamento tradicional não entendia isso como algo de anómalo nos nossos dias. Mas se não estava disposta a "aturar o outro" então era melhor assim. Evitava a despesa aos pais duma boda e depois a despesa dum divórcio já, de certo a modo, anunciado. Porque a vida não é uma estrada de rosas, esta também tem espinhos, e se não soubermos conviver com isso então nada feito."Cava o poço antes de teres sede" disse alguém com muita razão. "A falta de preparação para o matrimónio é a melhor preparação para o divórcio..." afirmava outra. A preparação fundamental para o matrimónio é aprender a amar. E aprende a amar quem aprende a compreender os outros, quem aprende a confiar e a esperar, quem aprende a dar e a compartilhar, quem aprende a esquecer-se de si e a sacrificar-se pelo bem dos outros, quem aprende a desculpar e a perdoar, quem aprende a comprometer-se e a ser fiel aos compromissos. Aprender a amar é aprender a cultivar o amor. E o amor cultiva-se com o respeito e a atenção, com a verdade e a transparência, com o diálogo franco e delicado, com a alegria e o carinho, com a boa vontade e as boas maneiras. Como tudo o que é vivo o amor pode crescer e fortalecer-se, mas pode também definhar e morrer. Há muito amor que poderia ainda estar vivo, a unir pessoas e destinos, a levantar esperanças e a repartir alegrias e não está porque não foi cultivado nem alimentado como deveria ter sido. Definhou e morreu por egoísmo, cobardia ou leviandade, por omissão, fuga ou irresponsabilidade, Antes de nos interrogarmos sobre a licitude do divórcio perguntemos o que é o matrimónio na nossa vida, o que implica, o que supõe e a que compromete. Enquanto escrevo estas linhas a chuva inclemente bata violentamente na vidraça. O vento uiva qual lobo faminto. Apenas mitigado pelo som dumas belas melodias alinhadas a preceito. Talvez por isso resolvi falar do tema. E quando muitos dizem que Portugal é um dos países europeus onde existem mais divórcios, (o que é verdade), e que a lei só trouxe desgraças, desenganem-se. Porque é melhor assim, do que manter uma fachada social equilibrada mas que esconde uma vida, por vezes, dissoluta, às escondidas das convenções sociais. Meus amigos, apesar do que atrás disse, um pouco mais alinhado com o convencional, não acho que o ter um matrimónio "de papel passado" como se dizia há muitos anos atrás, seja fundamental, mas também não penso que o divórcio seja a solução para tudo, embora esteja a favor da lei, porque acho que devo permitir que todos sigam em liberdade o seu caminho sem o verem coartado por quem quer que seja. Mas seja lá como for, se não existir amor, a relação não continua. O amor é o essencial, a chama que mantém a relação saudável e duradoura.

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