Turma Formadores Certform 66

Tuesday, November 10, 2015

Tempos de mudança

E conforme se previa, o governo finou-se! Nada que já não fosse previsível, apesar dos medos que a coligação de direita agitou, visivelmente em desespero. Até uma manifestação de apoio patrocinada ao que se sabe pelo núcleo do CDS do Alto Alentejo (!), a fazer lembrar a maioria silenciosa de Spínola nos idos de 74, quando queria a todo o custo controlar o país a seu bel-prazer. Nada faltou. Apenas faltou a boa vontade para que fosse diferente. Depois da coligação de direita ter maltratado, ignorado, humilhado o PS nos últimos 4 anos, não seria expectável que agora este se viesse a deixar instrumentalizar. Parece até, mantendo ainda uns resquícios de sobranceria doutros tempo, nem sequer se dignou responder a nenhuma das 58 perguntas que o PS teria feito a quando das negociações! Enfim, o centrão foi-se. Não sei se isso é bom ou mau, só o futuro nos dirá para que lado as coisas irão pender. Mas, queiramos ou não, defendamos ou não este governo, hoje é um momento histórico na política portuguesa. E o que é mais curioso, é que esta situação devolveu a política ao café. Toda a gente discute política, sejam quais forem as suas opções, em qualquer lugar e isso é bom. Faz-me mergulhar nos inícios da nossa democracia, onde todos tínhamos opinião, mesmo daquilo que não conhecíamos, e muito menos, dominávamos. Esta situação criada, pode não ser a ideal, pode até não ser aquela que me deixa mais confortável, mas seguramente, ela é uma lufada de ar fresco na nossa política cinzentona. Este governo, definitivamente, já estava a mais. E para a esquerda mais radicalizada, é também, o fim da política de protesto, que outros tanto apontavam, mas agora, duma maior responsabilização, quer da governação, quer do fim dela, se tal se vier a verificar antes do fim da legislatura. E o drama da direita é o de saber se esta fórmula, digamos arriscada, inesperada talvez seja o termo mais correto, vier a ter sucesso. Se isso acontecer, a direita estará em maus lençóis, tal como a esquerda, se se vier a verificar situação inversa. Agora é o tempo do Presidente. Cavaco irá com certeza prolongar esta situação por algum tempo, consultar este e aquele, enfim, irá dar tempo ao agora governo de gestão para acabar o trabalho começado, isto é, o vender o pouco que resta de Portugal ao estrangeiro. Desde logo a TAP que tanto se têm empenhado sem sucesso. mas também o Novo Banco. O tempo do Presidente é este agora. Veremos que solução virá por aí, mas estou certo que terá que nomear António Costa. Cavaco caiu na armadilha que ele próprio armou. Desde logo, ao fixar a data das eleições para um período em que não havia espaço para novas eleições, depois nas várias afirmações que tem feito. A garantia da legislatura e do respeito pelos acordos internacionais que Portugal subscreveu eram algumas delas. Ora parece que tudo isso está relevado nos acordos feitos. Cavaco terá que ter muita imaginação para fazer algo diferente. A realidade aí está pungente. O país fica à espera. A Europa também. A mesma Europa que já foi dando sinais de não se arrepiar em demasia com esta nova situação. Afinal, como ontem dizia ontem Wolfgang Schäuble, "isto é a democracia".

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