Turma Formadores Certform 66

Wednesday, December 30, 2015

Intimidades reflexivas - 517

"Eu queria escrever-te uma carta

Amor,
Uma carta que dissesse deste anseio
Deste anseio
De te ver
Deste receio
De te perder
Deste mais que bem querer que sinto
Deste mais que bem querer que sinto
Deste mal indefinido que me persegue
Desta saudade a que vivo todo entregue...


Eu queria escrever-te uma carta
Amor.

Eu queria escrever-te uma carta
Amor,
Uma carta de confidências íntimas,
Uma carta de lembranças de ti,
De ti
Dos teus lábios vermelhos como tacula
Dos teus cabelos negros como dilôa
Dos teus olhos doces como macongue
Dos teus seios duros como maboque
Do teu andar de onça
E dos teus carinhos
Que maiores não encontrei por aí...

Eu queria escrever-te uma carta
Amor,
Que recordasse nossos dias
Nossos dias na capopa
Nossas noites perdidas no capim
Que recordasse a sombra
Que recordasse a sombra que nos caía dos jambos
O luar que se coava das palmeiras sem fim
Que recordasse a loucura
Da nossa paixão
E a amargura
Da nossa separação..."

In "Carta dum Contratado" de António Jacinto (1924-1991), poeta angolano.

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