Turma Formadores Certform 66

Friday, February 12, 2016

Memórias com 28 anos volvidos

Há dias atrás falei-vos do cortejo de memórias, que cada ano me apoquentam, num ciclo inexorável do tempo, que se apagará quando a minha caminhada na vida tiver terminado. Hoje trago-vos mais uma. Uma memória com 28 anos. A do desaparecimento de meu Pai, Álvaro de seu nome. Também, tal como minha avó, despediu-se num dia solarengo desta vez do mês de Fevereiro. Depois de no dia anterior, durante a noite, ter sido hospitalizado a conselho médico, de madrugada foi transferido para outro hospital sem o conhecimento prévio da família, onde viria a falecer neste mesmo dia de 1988 pelas 8,00 horas da manhã. Mas esta sua morte ainda teria o seu lado rocambolesco e trágico. É que a família não foi informada do sucedido. Eu a pensar que ele estaria melhor. A minha mãe a pensar o mesmo. E só ao início tarde, a seguir ao almoço, quando a minha mãe e meu avô iam sair para o ir visitar, é que deram conta de algo na caixa do correio. Era um telegrama que tinha sido deixado sem mais, a anunciar a morte muitas horas antes. Para além da morte, o choque da notícia caiu que nem uma bomba, depois do hospital que o recebeu ter dito que a situação estaria controlada e que ele teria visitas no dia seguinte. Coisas trágicas, como trágica sempre é a morte, embora aqui vá para além dela. Seja como for, o meu Pai iniciou um ciclo de dois anos em que perdi quase toda a minha família. Apenas a minha mãe ficou por mais uns tantos. Todos tinham partido. O vazio instalado e alargado à medida que mais um partia. Coincidência ou não, tive a perceção disso. Mas ainda era jovem e com capacidade de reação. Muita coisa se alteraria. Mas hoje, quero aqui recordar a memória deste homem que foi meu Pai. Que conheceu mundo, que viajou muito. Deixou-me esse gosto de viajar, de conhecer outras gentes e outras culturas. Tudo o mais são memórias que passados 28 anos não se apagaram. Porque os nossos maiores não morrem nunca, enquanto permanecerem na nossa memória. Enquanto formos capazes de os homenagear. Já muito tempo passou, mas a recordação ficou, como se dum ontem se tratasse, como se agora tivesse acontecido. Aqui fica pois mais esta memória, mais uma, dum ausente dos muitos que já povoam a minha galeria, que enquanto viveu foi meu Pai. Um homem simples e determinado. A memória não morre enquanto o coração bater. Lá onde estiveres, descansa em paz, meu Pai, Álvaro!

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