Quando televisão e degradação se conjungam
Sábado passado, já ao fim da tarde, pus-me a fazer 'zapping' na televisão. Coisa tão pouco habitual que até me surpreendeu. Não costumo ver televisão durante a tarde. Aliás nem sequer sou fã de televisão. Seja como for, pois lá estava eu, com ar sorumbático, com a intempérie a fazer-se sentir lá fora duma forma demolidora. Quando ia somando canais atrás de canais, apanhei um, - que até nem sabia da sua existência -, onde dá em direto um daqueles 'reality shows' de mau gosto. Acabei por lá ficar algum tempo, porque quando lá cheguei surpreendi uma terrível discussão entre duas pessoas, aliás uma, porque a pessoa visada remetia-se a um silêncio de ouro. Uma jovem aloirada, com ar esgaseado, vomitava os piores impropérios que já me foi dado ver. Parece que tinha a ver com uma relação que terá chegado ao fim, ao que me pareceu. Seja como for, a linguagem era do mais reles e ordinário que já vi em televisão. (As televisões sempre tão púdicas onde qualquer gesto mais ousado é 'ajustado' com a bolinha vermelha ou qualquer palavra mais imprópria é substituída por um irritante 'pi', deixou-me perplexo sobre aquilo a que estava a assistir sem que nada das práticas habituais acontecesse). Se estes programas apenas promovem um grupo de inúteis que acham que, só por passarem pela televisão já têm o futuro assegurado, viram 'figuras públicas', pois desenganem-se. Estão a promover o mais rasteiro que por aí anda, onde a irresponsabilidade chega ao ponto de se por fim a relações em direto, muitas vezes com filhos de permeio que são as maiores vítimas, num carnaval de mediocridade e bussalidade inacreditáveis. Aquela jovem loura com linguagem digna dum qualquer esgoto dos mais fétidos, poderá ter razões sobre a sua irritação, mas atuando da maneira que o fez, perdeu-a. Se a utilidade de programas deste género me causam alguma interrogação, a maneira como são alimentados, - porque se calhar a linguagem utilizada até trás audiências -, faz-me desacreditar na juventude. Não quero acreditar que este seja o paradigma da juventude do meu país. Porque a sê-lo, há que perguntar, afinal onde esteve a família e a educação que induziu a esses jovens? Afinal onde andou a escola a patrocinar educações deste jaez? A televisão não pode andar de braço dado com a degradação porque quando ambas se conjugam, a perda afeta as duas. Esta é uma realidade que me preocupa. Que jovens são estes? Que será deste país quando alguns destes jovens - espero que nenhum dos que vi ontem -, adquira a responsabilidade de conduzir o nosso país? Afinal que país é este? Dir-me-ão que lá fora é igual. É verdade. Mas por que raio é que só vamos buscar o que de pior têm os outros? Já agora, porque não copiamos programas que educam e instruem jovens? Que os há e muitos e bons. Será que isso não garante o tirânico 'share' por que as televisões tanto lutam? Que futuro será o desta gente menor, e do país que é o seu, num futuro próximo?
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