Turma Formadores Certform 66

Thursday, July 28, 2016

A novela 'sanções' e a União Europeia

Assistimos ontem a um dos maiores embustes da União Europeia (UE) dos últimos tempos. Depois duma novela em torno da aplicação ou não de sanções a Portugal e Espanha, afinal o não prevaleceu. (Embora ainda se fale sobre os fundos estruturais que se verá em Setembro o que irá acontecer). Meses e meses a fio, numa pressão constante sobre um país - Portugal - e sobre um governo - o atual do PS que não é querido de Bruxelas -, depois de tempos de incerteza sobre o que poderia acontecer, aqui está, a montanha pariu um rato, bem pequenino face aos roncos de Bruxelas. E isso não aconteceu pelos lindos olhos dos países ibéricos. É que em Espanha o assunto governação está em aberto, e em Portugal finalmente há um governo a bater o pé. Se virá austeridade, penso que ela será inevitável, mas como muitos economistas afirmam e bem, - nos quais eu me incluo -, há vários tipos de austeridade, e esta é bem diferente daquela que vivemos nos últimos quatro anos. (A economia é uma ciência que vive das expectativas - qualquer estudante da área o sabe - e, apesar de as coisas não estarem tão melhores quanto isso, a atitude das populações mudou substancialmente. Como em tempos fiz referência, nunca tinha visto tanta gente a vasculhar contentores do lixo como nos últimos quatro anos. Hoje vejo que essas pessoas são bem menores. As expectativas estão mais fortes. Os temores recuaram um pouco). Mas voltemos ao tema. Quem ganhou com isto tudo? Certamente o governo que, apesar da forte ação diplomática, acabou por mostrar que não poderia ser do jeito que alguns burocratas de Bruxelas desejavam. Passos, que aparentemente até se pode sentir vencedor, - embora ache que aliviado seria o termo certo, porque esta questão prende-se com a sua governação de 2013 a 2015, como a UE bem frisou -, acaba por não sair tão bem assim. Depois de acusar o governo de não ter sabido defender a posição de Portugal em Bruxelas, acaba por ter que engolir um enorme sapo. Porque se por um lado esta gente queria as sanções para acusar Costa, por outro temiam-nas porque eram um juízo sobre a sua governação - de Passos e Portas. Mas esta gente já ninguém leva a sério. Mas a não sanção a Portugal e Espanha tem outros contornos. E quem os disse claramente foi Pierre Moscovici, - o comissário francês -, quando ontem na conferência de imprensa de comissários, afirmou que 'estas sanções não seriam boas quando tanta gente está a descrer da Europa. Esta é uma maneira da Europa se aproximar das populações'. E estou convencido que isto foi determinante, Esta UE que vagueia sem rumo, vai percebendo que, ou muda de atitude ou então o euroceticismo continuará a crescer. O 'Brexit' é bem o exemplo disso. A incapacidade de controlar os fluxos migratórios é uma outra fragilidade, para além do terrorismo. Este passo dado foi importante, tanto para a UE - tão necessitada de credibilidade - como para Portugal. E, como ontem dizia o Presidente da República. 'Quando nos unimos vencemos'. E foi o caso... pelo menos de alguns.

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