O dia da consulta
Como habitualmente os veterinários vêm a casa para tratar dos meus cães. Neste caso, é o Nicolau a personagem. O Nicolau tem uma particular aversão a veterinários. Daí que agora, tem sempre que ser adormecido antes das consultas. O gosto por morder veterinários está-lhe no sangue e vem de longe. Deixe que vos conte duas pequenas estórias em dois períodos da sua vida. Ainda jovem, mas já forte e possante, levei-o a uma clínica na Maia, que ficava a cerca de 20 metros do local onde vivia. Era lá que levava os cães que tinha nessa casa. Mas o Nicolau não estava para brincadeiras. Depois de muita ameaça, o Nicolau começou a mostrar o seu desagrado e a intenção que tinha face ao veterinário. Então deu-se o impensável. O veterinários deu-me a seringa para que fosse um a dar a vacina ao cão! E quanto à consulta e exames que iria fazer, nada. Anos mais tarde, já na casa onde vivo atualmente, passou-se algo semelhante, só que mais dramático. Fui à clínica marcar a consulta, exames e vacinação e pedir o costumeiro tranquilizante. O jovem veterinário que me atendeu, disse-me que não valia a pena dar-lhe qualquer medicação, porque ele mesmo viria na equipa e o controlaria. Deixei transparecer que seria melhor seguir o meu conselho, mas o veterinário manteve a sua. No dia da visita, uma tarde solarenga e de muito calor, a equipa chegou. Chefiada pela habitual veterinária que acompanha o Nicolau e que acompanhou os outros, secundada por um casal de veterinários, entre eles o corajoso que me tinha atendido. Nessa altura, o Nicolau estava na sua idade mais pujante e com cerca de 40 quilos de peso. Um verdadeiro rolo compressor que era difícil - e ainda o é hoje, apesar da idade - parar quando em corrida. O Nicolau mostrou o seu desagrado como já era costume. Vai daí o veterinário resolveu colocar-se sobre ele enquanto as duas outras colegas tentavam fazer o seu trabalho. Ele reagiu (penso que até se foi divertindo com a situação) até ao momento em que achou que era melhor dar uma lição naquela gente. Vai daí concentrou toda a sua força, projetou o veterinário que tinha encavalitado em si, que não contando com o ataque foi embater violentamente na minha mulher abrindo-lhe um lábio! E foi remédio santo. Como já lhe tinham dado a vacina, tudo o resto ficou assim mesmo, e era vê-los saírem rapidamente do local, que já estava pintalgado de sangue. Do cão, da minha mulher e até do veterinário, que não escapou ileso da refrega. Desde aí, ficou combinado que seria sempre posto em semi-consciência até ao fim da consulta. A veterinária - a mesma que o acompanha desde há muitos anos - dentro de horas cá aparecerá com a sua equipa, na certeza porém que o vai encontrar meio adormecido. Mesmo assim, e como é usual, ele ainda reagirá e a manterá em respeito durante a consulta. Mas duma forma mais dócil com certeza. Depois será esperar mais umas horas para o efeito passar. Ele irá acordar de vez em quando a ver se estamos por perto e, como nestes dias estamos sempre junto dele, ele cairá nos braços de Morfeu mais algum tempo. Aos poucos recuperá e no fim do dia já estará melhor e tudo não terá passado dum sonho (talvez pesadelo) para ele. Tenho cachorros desde criança e nunca tive que fazer isto a um cão. Mas o Nicolau é especial e sobretudo, - mesmo com alguma idade que já vai tendo -, continua com uma imensa força e caráter vincado. As aventuras do Nicolau são muitas, hoje, e porque é o dia da consulta, trouxe-vos estas. Talvez um dia ponha aqui outras em que ele foi protagonista, algumas bem hilariantes.
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