Turma Formadores Certform 66

Thursday, September 01, 2016

A juventude confusa ou apenas uma questão educacional?

Temos vindo a assistir a um conjunto de crimes que envolvem jovens. Há uns anos atrás, isso seria até notícia destacada. Agora parece que se tornou banal, e só desses crimes se faz referência por interesse mediático. Sinal dos tempos, dizem. Pobres sinais esses, digo eu. Desde aquelas jovens que atuando em bando - fazem-no normalmente em bando - espancaram uma outra jovem no recinto da escola, enquanto outros filmavam; aquela outra que agrediu a professora dentro da sala de aula por causa dum telemóvel e que acabou na internet porque um seu colega filmou; aquele outro que foi baleado por um polícia quando teria participado dum assalto, e que o pai teria levado com ele; aqueles que gratuitamente agridem colegas e 'amigos', sabe-se lá bem porquê, levando-os à morte; outros que agridem as namoradas por coisas comezinhas - e que farão se um dia forem casados? - ; e tantos outros que aqui poderia trazer. Uns mediáticos, outros nem por isso, mas todos com um traço comum, a violência gratuita que se instala na juventude desde a mais tenra idade. Coisas que todos os dias nos entram portas adentro, que nos vão causterizando ao ponto de já aceitarmos como natural. Diria mais, que coisa difícil é ser jovem neste dias. Mas comportamentos desviantes como estes normalmente começam dentro do seio das famílias. A violência doméstica é algo que nos envergonha no mundo; a irresponsabilidade dos progenitores - cada vez mais permissivos à educação dos filhos, ou por não terem tempo, ou porque simplesmente não querem saber - vão deixando esta espiral de acontecimentos ir evoluindo até que se tornem difíceis de controlar. Vejo famílias em que as crianças vivem e convivem com uma linguagem vernácula, que depois transportam para a sua vida como coisa natural, sem que os pais o impeçam, afinal nem moral têm para o fazer. E, o que é extraordinário, acham que os seus filhos de tenra idade são muito espertos, quiçá, inteligentes porque usam toda a gíria a que podem deitar mão. Mais tarde, repreendem-nos porque já foram crescendo e aquilo que era 'muito bonito' passou a ser incómodo. Lembro-me até dum caso que conheci bem, em que uma avó usava a linguagem mais liberal que possam imaginar e que os netos reproduziam. Só que ela os batia violentamente por eles falarem assim, dizendo 'eu falo assim, mas vós não podeis fazê-lo!' como se uma criança pequena soubesse destrinçar uma coisa da outra. Uma criança reflete como um espelho aquilo que a sua família é, hoje já ninguém tem dúvidas disso e até existem estudos sobre a matéria. Todos este comportamentos desviantes acabam por ter o seu reflexo em casa, na escola, na relação com os amigos, namordas (os) até se instalar na família que eles onde constituir, num ciclo infernal donde parece que é impossível sair. E da linguagem aos atos a distância é a do fio da navalha. Ontem assisti a uma socióloga tentar explicar o fenómeno, tentando até compreendê-lo justificando-o, o que me deixou incomodado. Porque é assim, com atitudes destas, brandas e inconsequentes, que se vão deixando instalar comportamentos que mais tarde pretendemos controlar sem sucesso. Vejo muita gente invocar os países nórdicos a propósito disto e daquilo, até desta liberdade libertina que se vai entranhando entre nós. Mas só o faz quem nunca conheceu esses países, (talvez só pela televisão ou internet), porque se os conhecessem saberiam que o nível educacional é muito elevado, e que esse nível educacional começa em casa, no seio nuclear da família, que depois é continuado e alicerçado na escola, e que mais tarde, fica para a vida. Justificar comportamentos destes é perigoso, aceitá-los como normais, ainda pior. Algo está a acontecer, vai para um par de anos, no nosso país. Basta conviver com alguma juventude para percebermos isso facilmente. (Basta olhar para a maneira como os jovens convivem entre si dentro de algum telelixo que por aí anda). E nada se vê para o contrariar. Nas situações limites aparecem as prisões, elas também, antros onde a marginalidade capeia sem freio, e que não tornam melhor quem por lá passa. Um tema de reflexão que tenho trazido aqui amiúde, e que só o incómodo do mesmo, faz com poucos dele participem. Mas aqui fica o repto de novo. Nem que seja para criar o desassossego que pode levar a encontrar caminhos de saída.

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