No 113º aniversário do meu Avô José
Faria hoje 113 anos. Foi a figura tutelar da minha infância. Meu mentor e guia. Meu educador e conselheiro. Era meu avô materno e padrinho. Chamava-se José tal qual eu. Hoje seria o dia do seu aniversário. Há muito desaparecido da minha convivência, de facto, nunca o chegou a deixar de ser. Porque a sua memória permanece, e enquanto tal se verificar, as pessoas não morrem, apenas se tornam invisíveis. Como já por variegadas vezes aqui afirmei, não era tradição o festejo de aniversários na minha família. Mas havia sempre algo de diferente, mesmo que não quisesse-mos que fosse assim. Na minha meninice lembro-me de questionar porque não se celebrava a data como nas outras famílias. Ouvi muitas vezes a minha avó dizer que não valia apenas porque o Natal estava a chegar e depois se festejava tudo em conjunto. Era a desculpa dada. Mais tarde, vim a perceber que estas datas não ocupavam espaço no nosso calendário familiar. Curiosamente, ainda hoje elas não ocupam espaço na minha casa. Afinal, queiramos ou não, nós somos fruto da educação que tivemos nessa escola primordial que é a família, hoje tão renegada para lugares quase invisíveis. E mesmo que aqui vos traga a recordação, não se trata duma celebração, mas sim, duma memória. Porque este meu avô foi muito importante na minha vida, na educação que me orgulho de ter, daquilo que, ao fim e ao cabo, fui construindo ao longo da minha existência. Passados 113 anos sobre o seu nascimento, e já muitos sobre a sua partida do mundo dos vivos, aqui quero deixar a memória a um grande homem. A alguém que sempre apostou em mim. Acreditou. Lutou. E, ainda antes de partir, viu o resultado do seu esforço duma vida. A ele estou eternamente grato. Há coisas que nunca se pagam no decorrer da nossa existência. Por isso, aqui fica esta memória singela. A mais pura e consequente que posso ter. Pobre face ao muito que dele recebi. Mas sentida e profunda porque ditada pelo que de mais profundo existe em mim. Obrigado, Avô José. Pelo que foste, pelo que fizeste. Pelo amor que espalhaste. Se porventura não consegui, mesmo assim, ser aquilo que querias, foi por culpa minha, com toda a certeza. Mas espero que, apesar de tudo, não te tenha desiludido. Tem um feliz aniversário. Contrariando a tradição familiar, tê-lo-ás sempre grande e respeitoso no meu coração. Lá onde estiveres que estejas em paz!
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