O "artista"?...
Desde muito jovem que a arte e a cultura me interessam. Um fascínio que começou bem antes de saber o que tudo isso representava. Coisas que nascem connosco, talvez. Ao longo da vida, não só continuou, como até se ampliou, esta minha veia para as coisas da arte. Todos os testes psicotécnicos que fiz - e foram muitos - sempre indiciaram esta minha vertente. Não se enganaram de todo. Gosto de todas as artes: da pintura à escultura, da arquitetura às artes plásticas, da música à literatura. (Todas tento cultivar o melhor possível). Mas a música sempre teve - e continua a ter - um grande fascínio para mim. Em miúdo, sempre afirmava que gostava de ser pianista. Desejo nunca concretizado, mas o bichinho ficou e assim permanecerá até ao fim da minha vida. (Ainda hoje, quando passo por uma loja de instrumentos musicais, fico colado à montra, qual criança em loja de brinquedos. E então se alguém está a experimentar um piano, entro disfarçadamente, como a ver algo, com aquela sensação de puder tocar as teclas do mesmo, nem que seja por um segundo). Mas nos tempos da minha juventude, não haviam condições para isso. Eu até fui uma criança muito privilegiada face às outras, dessa época. Mas mesmo assim, um curso de piano era longo e muito caro, bem para além daquilo que o orçamento familiar comportava. E não haviam os apoios que hoje existem, talvez se assim fosse, o desfecho tivesse sido outro. Mas ainda fui estudar música durante alguns anos. Embora depois sem continuidade, o que faz com que hoje, pouco ainda reste dessa aprendizagem de então. Mas dir-me-ão os meus amigos que estão a ter a paciência de ler estas linhas, a que tudo isto se deve. Um desabafo que parece extemporâneo e até inconsequente. Pois deve-se a umas pequenas brincadeiras que faço vai para algum tempo, com montagens de fotografia. Sou um grande admirador de fotografia - embora um péssimo fotógrafo - mas confesso que abrilhantar uma foto é algo que me fascina. Vai daí a brincadeira foi tendo algum sucesso neste espaço e as "encomendas" até foram chegando. (Até tenho uma amiga que me trata, jocosamente com toda a certeza, por "pintor"!!! Vejam lá ao que isto já chegou...) Mas sempre permaneci pobre porque nada usufrui disto - apesar das más línguas! - apenas e só uma brincadeira, e nem sempre bem conseguida. (Já agora, as "más línguas" poderiam pagar qualquer coisinha que até dava jeito). Mas confesso que quando o faço me sinto uma espécie de "artista", talvez aquela ambição frustrada de gostar de o ter sido e que nunca passou disso mesmo, uma mera intenção. Mas para além disso, penso que os jovens deveriam ter alguma formação nas artes porque elas ajudam a formatar uma certa maneira de ver o mundo. A música e a matemática são um bom exemplo duma feliz correlação. A literatura com a arte de escrever e falar, dominar a língua que é a sua, e que tão maltratada é nos nossos dias, será uma outra. O saber apreciar uma escultura, saber interpretar uma pintura, são questões importantes na formação dum jovem que, infelizmente, nem sempre são cuidadas. Visitar museus, centros de cultura por excelência, deveriam ser quase obrigatórios como se vê noutros países. Se assim fosse, a cultura do nosso povo seria bem melhor, bem diferente da "cultura" das babuzeiras que se vêm por aí, e de que este espaço é plataforma privilegiada. Seja como for, artista ou não, pintor ou não, aqui permanecerei tentando dar à arte e à cultura um espaço que nem sempre se vê por aí. Se isso for útil a alguém fico feliz, se não, podem ignorar e passar ao lado.
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