Tempo de Carnaval
Estamos chegados a mais um Carnaval. Tempo de exageros, da bebida à carne, numa orgia dos sentidos que antecipam um tempo mais sombrio e introspetivo. O Carnaval é um festival do cristianismo ocidental que ocorre antes da estação litúrgica da Quaresma. Os principais eventos ocorrem tipicamente durante fevereiro, durante o período historicamente conhecido como tempo da septuagésima (ou pré-Quaresma). O Carnaval normalmente envolve festas públicas e/ou desfiles combinando alguns elementos circenses e máscaras. Ao usar-se trajes durante muitas dessas celebrações, tal permite perder a individualidade quotidiana e experimentar um sentido elevado de unidade social. Do Brasil a Veneza - estes são porventura os mais icónicos Carnavais - mas também os célebres desfiles de New Orleans com as suas famosas 'brass bands', ou até mesmo no Caribe. (De todos, e como já por diversas vezes aqui afirmei, o de Veneza tem para mim um fascínio muito especial, talvez fruto dum certo mistério e romantismo que a cidade encerra). É o tempo de mostrarmos um outro lado daquilo que é a nossa vida normal. Porventura, o tempo de assumir algo que gostaríamos de ter sido e não fomos. É também o tempo das máscaras, reais ou fictícias, que nos distorcem a personalidade. Embora cada vez mais, ande por aí muita gente com a máscara colocada todo o ano. Afinal para essas pessoas o Carnaval é um modo de ser e de estar. Por trás de máscaras normalmente é mais fácil assumir atitudes ou gestos que de outro modo nos coibiríamos de fazer. Este é o tempo do duplo sentido. Da dupla personalidade. Do irreal passar a ser real, e vice-versa, como num truque de mágica. Carnaval festa de folia. Tempo de alegria e prazer. E é bom que o celebrem porque amanhã será um outro tempo. O tempo de retirar as máscaras e assumir quem de facto somos. Pelo menos para alguns. Bom Carnaval!
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