Turma Formadores Certform 66

Thursday, February 23, 2017

30 após a morte de Zeca Afonso

30 anos passaram sobre a morte de José Afonso. O revolucionário que nunca quis ser comunista. Muito caminho se fez. Muita utopia virou realidade. Muita outra ainda aguarda. Talvez um dia. Ou talvez não. Mas a memória ficou. Fica e ficará. Aquela voz que rompeu a noite do nosso descontentamento, que deu voz aos simples, aos excluídos, aos marginalizados, que apenas o eram por delito de opinião. Tempos em que a cantiga era uma arma. 30 anos volvidos a sua voz continua a romper a noite. Noite diferente sem dúvida. Mesmo para aqueles que dele se apropriaram embora o tenham excluído quando em vida animava a malta. 30 anos passaram mas parece que foi ontem, quando o escutávamos na rádio pela noite dentro em segredo não fossem os esbirros ouvir-nos. Até ao dia em que da madrugada se fez dia. E com ele vieram mais cinco, e mais cinco, e mais cinco, num mar de gente que queria virar a página da História, e cada um trazia outro amigo também. Cravo na mão e utopia no coração. O importante era afastar os vampiros que nos tinham roubado o ideário de sermos felizes e livres. 30 anos depois ainda muito está por cumprir, mas muito percurso também se fez. Obrigado por teres sido o porta-voz deste Natal dos simples. Os simples que sempre foram o objetos das suas canções. As canções e a voz que tentaram calar e nunca o conseguiram. Canções que pareciam de embalar. Mas a voz única era forte, tenaz e determinada. Mesmo quando a morte saiu à rua para intimidar as gentes. Até ao florir dos cravos numa certa Vila Morena. Descansa em paz, Zeca!

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