Turma Formadores Certform 66

Thursday, March 23, 2017

Uma anedota chamada Jeroen Dijsselbloem

Num momento em que a Europa precisa de cerrar fileiras contra esse inimigo cobarde que atua na sombra como é o caso do terrorismo - ainda ontem o vimos de novo a surgir em Londres - parece que os políticos europeus (tal como os de cá do burgo) se interessam mais pelo chiste, pela chalaça, mesmo que rasteira, sexista roçando até uma certa brejeirisse que muitos pensavam não existir em países do norte. (Só quem não os conhece acreditaria em tal, mas adiante!). Tudo isto a propósito das infelizes afirmações dum tal Jeroen Dijsselbloem, holandês, e que circunstancialmente é o presidente do Eurogrupo. Confundir as dificuldades dos países do sul, com 'copos e mulheres' é no mínimo de muito mau gosto. Mas este senhor, membro do partido trabalhista holandês, é useiro e vezeiro em afirmações infelizes. Agora que o seu partido teve uma derrota enorme nas eleições da semana passado no seu país, ele que era o ministro das Finanças, vai deixar de o ser e, como é natural, também terá que sair de líder do Eurogrupo. E ao sair, não verá aplicada uma das medidas por que tanto se bateu como foi a de aplicação de sanções aos países do sul, em especial, a Portugal. Apesar deste cavalheiro representar uma certa esquerda europeia, tal nunca o impediu de ter uma atitude muito pouco solidária com os mais fracos, tal nunca o impediu de ser mais pró-social, tal nunca o impediu de obstar a que o fosso entre os países do norte e do sul se fosse alargando paulatinamente. Hoje contestado pelo próprio Partido Socialista Europeu, Dijsselbloem ainda assim, recusa-se a pedir desculpa aos países que insultou duma forma suez - para não dizer cobarde - porque se acha detentor do poder absoluto. Será que esse espécime conhece a história do seu país? Será que ele sabe o que a Holanda já foi - e por que passou - em tempos não muito longínquos? Provavelmente não. Aliás, ele é mais um daqueles políticos que dizem ter habilitações que depois se vem a verificar que nunca as possuiu, o que mostra bem o perfil deste energúmeno. (Se pensam que os Relvas são só um protótipo de político português, pois desenganem-se). Políticos como este só ajudam ao descrédito duma União Europeia (UE) que à tanto tempo anda sem rumo, desnorteada com o que fazer no futuro. A mesma UE que viu sair a Grã-Bretanha e que, a continuar a pisar estes terrenos, poderá vir a ver - a curto prazo - outros 'exit' venham eles donde vierem. Numa altura em que o serrar fileiras deveria ser a tónica, andam por aí uns projetos de políticos que só o são porque nada mais têm para fazer. É um drama que enfoca muito nos países do sul, mas não só, e este Jeroen é bem o exemplo disso mesmo. Se este Dijsselbloem - um controverso discípulo de Schäuble a caminho do desemprego - teve de mérito foi o de unir o Parlamento português tão pouco consensual que temos neste nossos dias. Vai mal a UE e tempos difíceis se avizinham - para além daqueles por que está a passar - e com agentes destes não é de esperar que as coisas se endireitem. Quando um político da UE - e com as responsabilidades que este tem - afirma que países como Portugal gastaram o dinheiro em "copos e mulheres" já tudo se pode esperar. Do deboche mais reles, ao brejeirismo mais serôdio, já tudo cabe nesta UE que, cada vez mais, é mais uma desunião do que uma união. Longe vão os tempos dos grandes políticos - aqueles a quem se costuma chamar de estadistas - que foram cedendo os lugares aos atuais amanuenses da política. Lá como cá, a mediocridade impera. E assim apenas o precipício será o destino que nos espera.

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