1º de Maio
Para alguns será o primeiro dia do mês de Maio como em todos os meses existe um dia primeiro. Mas este tem conotações que vão para além do calendário. Até no calendário litúrgico é celebrado como o dia de São José Operário. (Uma tradição de que quase já não se fala). Neste dia celebra-se a luta pelas oito horas de trabalho. Algo que hoje é comum mas nem sempre foi assim. Mas há que celebrar a memória daquelas trabalhadoras de Chicago que reivindicavam este horário de trabalho e que foram brutalmente reprimidas pela polícia. Decorria então o ano de 1886 e o seu gesto ficou conhecido como a revolta de Haimarcet. Hoje quando se celebra o 1º de Maio as pessoas nem sabem o porquê ou o que está por trás desta celebração. Isso significa que para elas é mais um feriado. Mais uma festa. Mas mesmo entre nós nem sempre foi assim. Nem as oito horas eram respeitadas, nem a liberdade de lutar por elas existia. Ainda me lembro da brutal repressão da polícia nesses dias. (Em que os estudantes eram os mais visados por serem considerados uma classe privilegiada na altura). Os avisos feitos por carros com altifalantes a circular na Baixa para desmotivar os trabalhadores eram aterradores e, àqueles que não acatavam o aviso, era a repressão brutal. Muitas vezes a prisão, a tortura e até a morte. E não passaram tantos anos assim desde essa altura. Ainda hoje existem países onde esta celebração é fortemente reprimida, - ou enquadrada pelos regimes vigentes -, com o intuito de a esvaziar. Por isso, quando se participa nestes eventos, temos que saber que nem sempre foi assim, e para que hoje se celebre em liberdade, muitos a perderam para que chegássemos aqui. Não é só o desfile com a bifana, as farturas e o algodão doce no horizonte. É algo mais do que isso. Quando temos os direitos adquiridos nem damos pelo seu valor. É como o ar que se respira. Só temos a noção da sua importância quando ele nos falta. Viva o 1º de Maio!
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