Turma Formadores Certform 66

Monday, May 08, 2017

E agora, França!

Depois da vitória de Macron  nas eleições francesas, logo um suspiro de alívio surgiu na Europa. Mas haverá razões para isso? O antigo embaixador português em Paris, Francisco Seixas da Costa, perguntava num artigo de opinião, se 'depois destas eleições a França saía vencedora ou não'? E a resposta óbvia é que não. Macron aparece como um homem sem programa - ou melhor, com uma amálgama de ideias tiradas de todo o lado -, o que convenhamos não será o ideal. Depois quis assumir-se como não sendo de direita nem de esquerda, num claro recuperar do slogan de De Gaulle. Mas De Gaulle era o líder incontestado duma França a sair dum conflito mundial. Era um outro tempo, e a figura do antigo líder francês nada tem a ver o agora presidente eleito. E quando começamos a olhar para o espetro da Assembleia Nacional, ainda mais preocupação devemos ter. A Frente Nacional de Marine Le Pen passou a ser (quem diria!) o maior partido de França. O resto são coligações que podem ser mais ou menos longas. (Le Pen em 15 anos duplicou a votação que o seu pai teve quando disputou a 2ª volta das eleições em França. É bom que pensemos sobre isto). E a União Europeia (UE) não deve deitar foguetes à toa. Esta situação que leva partidos radicais de direita a emergir, prende-se muito com a postura que a UE vem evidenciando nestes últimos anos. Não é por acaso que, na Holanda estiveram perto, na Bélgica também, embora com mais amplitude, enfim, um tema que nos deve fazer refletir sobre os caminhos que a Europa tem tomado, e se quer ou não, continuar assim. Porque a continuar na mesma senda, mais cedo ou mais tarde, veremos a extrema direita no poder e não só em França. Mas o mundo também anda confuso. Depois da eleição de Trump, os Estados Unidos da América viraram à direita duma forma radical que só, o seu poderio financeiro e sobretudo militar, ainda faz com que sejam respeitados. Olhamos para a América Latina e não vemos melhor. Da anarquia na Venezuela até ao caos no Brasil, temos que assumir que por lá também nada está bem. Depois os conflitos na Península da Coreia, onde o espaço entre a estratégia e a loucura mais insana, parece ter a espessura dum fio de cabelo. E se juntarmos a isto a confusão no Médio Oriente que parece nunca mais ter fim, não temos de todo qualquer razão para sorrir. O mundo está num turbilhão, uma mudança radical que não sabemos ainda que direção vai tomar. A França que não é uma economia qualquer está confusa. Macron tem cerca de 44% dos votos porque os restantes não são votos na sua candidatura, mas sim, num voto anti-Le Pen. Todo um caldo social e político que pode gerar uma verdadeira tempestade. Veremos que governo Macron vai fazer. Quem será o seu primeiro ministro. E que equilíbrios obterá na Assembleia Nacional para poder governar. Isso já nos dará uma ideia do que pode vir a seguir. Neste momento, tudo está muito confuso e Macron pode ter tido uma vitória de Pirro. Seguro é que Marine e a sua Frente Nacional estão a assumir-se como uma das principais forças na França. Onze milhões de votos não podem ser esquecidos nem desprezados. Agora, depois da festa e da euforia, há que pensar seriamente no caminho a seguir. Para já, é apenas uma mão cheia de nada com muitas interrogações à mistura.

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