Entre o real e o etéreo
Esta foto já tem um bom par de anos. Já aqui a trouxe por várias vezes por duas ordens de razão: a primeira, tinha como objetivo saber se a pessoa da foto queria dar-se a conhecer, coisa que nunca aconteceu; a segunda, é para testemunhar um dos momentos da mais pura, profunda e elevada fé que já vi a um ser humano. Há muitos anos atrás, tive uma outra imagens pungente - que infelizmente não fixei em fotografia - dum jovem que, possivelmente antes de ir para o seu emprego, veio encomendar o seu dia ao Eterno. Passou-se na Catedral de Nôtre-Dame em Paris. Agora, esta que consegui captar, foi tirada em Fátima. Passei por lá com um amigo que estava comigo e deparei-me com este profundo ato de Fé. Era um dia normal como tantos outros, sem festividades especiais, e este homem estava sozinho, junto a uma das escadarias e orava. Indiferente a quem passava, a quem olhava, a quem tinha vontade de interpelar mas não queria perturbar tamanha comunhão com o etéreo. Apesar do calor que se fazia sentir, ele vestia roupa pesada duma outra estação, indiferente ao tempo. Apenas rezava. Profundamente. Numa simbiose que não é fácil ver. Estava ali, só. Como se nada existisse à sua volta. Impressionou-me o momento e registei o evento. Nunca esqueci esta imagem. Ela acompanha-me desde então. Não sei quem é. Mas confesso que gostava de o conhecer. Há momentos assim onde a fronteira entre o real e o sobrenatural ficam mais próximas. Este foi um desses momentos.
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