Obrigado, amigo!...
Há dias assim. Parece que mesmo sendo ainda lusco-fusco um sol radioso rasga a noite. Foi o que hoje aconteceu. Madrugada dentro - todos sabem que durmo pouco - vi que tinha uma mensagem e fui ver quem era. O autor era o meu amigo, Armando Antunes. Só que ao ler o que ele escreveu, fiquei de coração quente. A mensagem era sobre a maneira como tenho lidado com o caso do Nicolau. E ela é tão sublime que até me deixou embaraçado. O senhor Antunes quis fazê-lo por mensagem privada com aquela modéstia que sempre lhe conheci. E aqui estou - publicamente - a responder e a agradecer as suas tocantes palavras. Mas antes disso, deixem que vos apresente este senhor. Conheci-o vai para um par de anos, era ele um empresário a passar por um momento difícil. E quando se passa por momentos difíceis é que temos bem a dimensão dos amigos que temos ou que não temos. O senhor Antunes sentiu isso bem na pele. Viu muitos dos seus 'amigos' - ele sabe bem porque coloca as aspas - afastaram-se como se ele fosse portador de lepra. Mas também há outros que ficaram e tentaram ajudar a remediar a situação. Nessa altura, o senhor Antunes era apenas um cliente meu como tantos outros, mas depois da luta que se travou em torno dele, ficamos amigos (aqui sem aspas). Porque empurrar para o chão um homem caído é fácil e até comum. Ajudá-lo a reerguer-se é bem mais complicado e não dá dividendos. Mas eu fiquei e não fui o único. Tentei ajudar o melhor que pude e soube. Mantive-me junto dele sem receber quaisquer honorários, apenas e só, porque não o queria deixar apenas acompanhado pela sua solidão. (E fi-lo por opção, não estou aqui a insinuar outra coisa. Não sou dos que insinuam, o que tenho que dizer, digo). Nunca me arrependi disso. (E não pensem que trago isto aqui apenas para me vangloriar. Quem me conhece sabe bem que nunca vivi à sombra de ninguém, nem no sucesso, nem no fracasso. O que fui ou sou devo-o apenas ao meu trabalho e a mais ninguém). Mas a ligação ao senhor Antunes continuou. Mesmo depois de ter terminado a minha colaboração nunca lhe perdi o rasto. Mais tarde, vim a reencontrar-me com ele, - já numa outra posição -, mas sempre vi neste senhor uma simpatia contagiante que nem as horas menos boas lhe tirou, bem como, uma inteligência e sagacidade que faz inveja a muitos. E hoje, bem cedo, - este amigo, tal como eu, é também um homem sem sono -, lá me encontrei com ele de novo. Discretamente porque ele não gosta de muito aparato. É um homem simples que sabe bem aquilo que quer. (O senhor Antunes tem esta capacidade de aparecer e desaparecer com toda a facilidade e, é assim, que consegue surpreender os amigos). E agora, é a si que me quero dirigir. O senhor Antunes sabe que sempre poderá contar comigo naquilo que precisar, dentro daquilo que eu possa fazer, certamente e, é em nome desta amizade, que quero aqui dizer publicamente que muito me sensibilizou as suas palavras. Se o meu pequeno exemplo pode servir de inspiração para alguém, pois fico muito satisfeito. Mas não foi com essa intenção que publicitei o caso do Nicolau. Foi o grande amor por ele que me motivou a isso. Foi o buscar um bálsamo onde nem sabia se o ia encontrar. Foi o procurar um apoio quando as paredes em volta parecem desmoronar. Sei que isto pode ser estranho para muitos que me lêem, - porque um animal para muitos, é apenas um animal -, mas não para o senhor. Fui educado a ter respeito pelo mundo que me foi dado viver em todas as suas vertentes. Daí já me terem visto afirmar o que aqui quero trazer de novo, esse tríptico fundamental da vida como me foi legado: a solidariedade para com o meu semelhante, que muitas vezes sofre, e olhamos incomodados para o lado em vez de ajudar; o amor pelos animais, tão humilhados e ofendidos, torturados, vilipendiados, a quem dá-mos uma morte sempre horrível, - e não me refiro só ao cão ou ao gato -; e, o respeito pela natureza, aquele respeito que não temos como é bem visível pelos dias por que estamos a passar, - neste 'anno horribilis' para as florestas -, que mão criminosa, incúria, desleixo, irresponsabilidade ou até causa natural, põe à prova ano após ano. Este para mim é o tríptico da vida e, é tão importante, que dele tenho feito bandeira em tudo o que faço ou tento ensinar à minha afilhada Inês. (Sei que por vezes as pessoas estão mais preocupadas como o material, efémero e tomada de empréstimo pela vida, mas há outros valores, quiçá mais importantes, que são estes que defendo). Assim, quem me conhece, sabe que esta estória do Nicolau, não foi apenas para chamar sobre mim as luzes da ribalta. Sempre as rejeitei, nem nunca precisei delas. Apenas o amor por um ser que já me viu rir e chorar, sempre com aquele ar cândido que só um animal tem, me motivou. Este texto vai longo, desculpe-me senhor Antunes, mas achei que o devia fazer. Porque as palavras que me dirigiu me tocaram especialmente. Porque uma amizade sincera não se renega. Porque, para além das situações e dos momentos, fica sempre o ser humano que é. Pela dimensão do homem que é. Por todos os dribles da vida, o meu amigo aí está, firme e robustecido. Aquilo que não nos mata, fortalece-nos é comum dizer-se. E estou certo que assim é. Por isso, - e com isto termino -, não queria aqui deixar de lhe enviar aquele abraço forte e sincero. Do tamanho do mundo. Porque há homens que fazem a diferença nas nossas vidas. Obrigado, senhor Antunes. Desejo-lhe muita sorte, muitas felicidades na sua vida pessoal e profissional. Tenha um dia muito feliz, pelo menos tanto quanto fez feliz o meu. Um grande abraço.
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